Palmas está entre as capitais brasileiras mais violentas para as mulheres. É o que mostra o “Mapa da Violência 2015 — homicídios de mulheres no Brasil”, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), divulgado nessa segunda-feira, 9. Os resultados do Tocantins e, sobretudo no que diz respeito às mulheres negras, também são assustadores.
Conforme o Estudo, em 2003 foram assassinadas três mulheres em Palmas. Em 2013, esse número saltou para 12, um crescimento de 300%. A taxa nesse último ano foi de 9,5 homicídios para grupos de 100 mil mulheres — em 2003 a taxa era de 3,5 para 100 mil.
Pelo ranking de maiores taxas de homicídios contra mulheres, a capital do Tocantins ficou em sexto lugar, atrás apenas de Vitória (ES), 11,8; Maceió (AL), 10,7; João Pessoa (PB), 10,5; Fortaleza (CE), 10,4; e Goiânia (GO), 9,6.
Na comparação de 2013 com a taxa de 2003, Palmas ficou com o terceiro maior crescimento em homicídios, com variação de 173,2%, perdendo somente para Natal (228%) e Salvador (181,4%).
Porém, na relação de 2013 com 2006, Palmas tem o maior crescimento do País no número de homicídios contra mulheres, com a incrível variação de 951,6%. Para se ter ideia, o segundo colocado nessa comparação foi Boa Vista (RR), com 280,3% — lembrando ainda que Roraima é o Estado que apresentou os piores índices de violência contra a mulher.

Tocantins

Os resultados do Tocantins também são assustadores. O Estado registrou um crescimento de 81,8% no número de assassinatos de mulheres, saindo de 22 em 2003 para 40 em 2013. Na variação da taxa (5,7 por 100 mil mulheres em 2013), os dados do Tocantins cresceram 54,7% sobre 2003 (3,7) e 67,7% sobre 2006 (3,4).
Em número de homicídios de mulheres, a variação do Estado é inferior à média da região Norte (112,2%), mas bem superior à média nacional (21%).

Escândalo

Quando o estudo apresenta os dados por cor das vítimas, o resultado do Tocantins é um verdadeiro escândalo. Em relação às mulheres brancas, o Estado vai na contramão dos indicadores nacionais, que estão em queda. Em 2003, cinco mulheres brancas foram assassinadas em território tocantinense. Esse número caiu para três em 2006, mas foi a sete em 2013. Assim, a variação foi de 40% sobre 2003 e de 133,3% sobre 2006. Na região Norte, essa variação de 28,6% e de 5,9%, respectivamente. O Brasil registrou quedas respectivas de -9,8% e -2,1%.
Já com relação às mulheres negras, os números revelam as extremas desigualdades que elas enfrentam no Tocantins. Em 2003, foram assassinadas no Estado 17 mulheres negras contra 5 brancas (diferença de 240%). Em 2006, o número de mulheres negras mortas saltou para 18 e o de mulheres brancas caiu para 3 (diferença de 500%). Em 2013, foram assassinadas 31 mulheres negras contra 7 brancas (342,9%).
Na variação entre 2003 e 2013, o número de mulheres negras assassinadas saltou 82,4% - o índice é menor do que o da região Norte (111,2%), mas superior ao do País, que também foi muito alto (54,2%).
No que diz respeito às taxas (por 100 mil), as variações também não foram nada boas para as mulheres. No Tocantins, as taxas de homicídios contra mulheres brancas saltou de 3,2 por 100 mil em 2003 para 3,8 em 2013, um variação de 16,8%. A região Norte conseguiu reduzir essa variação em -7,3% e o Brasil, em -11,9%.
Em relação às mulheres negras, o agravamento foi regional e nacional nesses dez anos. Em 2003, no Tocantins, a taxa era de 3,7 por 100 mil e saltou para 5,5 em 2013, uma variação de 48,3%, muito acima da média nacional, de 19,5%, e da região Norte, de 29,3%.
Municípios
O Mapa da Violência trouxe Araguatins entre os 100 municípios com mais de 10 mil habitantes do sexo feminino, com as maiores taxas médias de homicídio de mulheres (por 100 mil). Nesta listagem a cidade tocantinense aparece na 47ª posição, registrando 10 feminicídios entre 2009 e 2013, o que equivale a uma taxa média de 12,9%.