Araguaína (TO) - Uma máquina chamada acelerador linear, que custou R$ 5,6 milhões aos cofres públicos, repassada em 2012 pelo governo federal ao governo do Estado, foi danificada após um alagamento da sala onde estava guardada, na oncologia do Hospital Regional de Araguaína (HRA).
O alagamento foi detectado no dia 20 de julho, uma segunda-feira, coincidentemente dias depois de a promotora de Justiça Araína Cesárea Ferraira dos Santos D’Alessandro impetrar uma ação civil pública requerendo que o governo do Estado construa uma sala especial para que a máquina começasse a funcionar dentro de sete meses, substituindo o maquinário e o pessoal terceirizado da empresa Instituto Oncológico, que atua no Estado desde março deste ano, contratada por R$ 5,5 milhões anuais através de dispensa de licitação. O contrato com a empresa também previa que o Instituto Oncológico fosse o fiel depositário do acelerador linear, sendo responsável por qualquer dano que viesse a ocorrer com o equipamento.
Uma perícia da Secretaria Estadual da Segurança Pública foi realizada no local, mas, segundo fontes de dentro da SSP, o laudo foi inconclusivo, pois a cena teria sido alterada. No entanto, foi possível averiguar que o vazamento ocorreu a partir de dois pontos, o escoamento da água do aparelho de ar-condicionado para o lado de dentro da sala e o rompimento de um cano, em um banheiro que fica próximo à máquina. “A perícia não conseguiu chegar a nenhuma conclusão, pois as caixas foram removidas do lugar onde se encontravam inicialmente, o aparelho de ar-condicionado e o cano, que provocaram o alagamento, também não foram preservados”, afirma uma das fontes.
Segundo especialistas na área de oncologia, o acelerador linear é um equipamento muito frágil e o local onde esse tipo de equipamento fica guardado tem que ter temperatura e umidade controladas para evitar danos. “Se até a temperatura e a umidade têm que ser controladas, imagine jogar água sobre esse equipamento. Não precisa ser especialista para saber que houve graves danos”, afirmou um especialista nesse tipo de equipamento, que preferiu não ser identificado.
Resposta
Procurada pela imprensa, a diretora do Hospital Regional de Araguaína, Hérica Weysfield Mendes Tomelin, negou que o equipamento tenha sido danificado. Ela também afirmou que, por telefone, a fabricante da máquina teria dito que não houve dano. “O que aconteceu foi o dano do encanamento de um dos banheiros que ficam próximos à sala onde a máquina está guardada, mas já enviamos as fotos para a fabricante e ela nos informou que não houve qualquer dano ao equipamento”, declarou a diretora.
Justiça
Após o episódio, a juíza da 2ª Vara da Fazenda e Registros Públicos da Comarca de Araguaína, Milene de Carvalho Henrique, que também é coordenadora do Comitê Executivo para Monitoramento das Ações da Saúde no Estado do Tocantins, determinou que a guarda da máquina voltasse para o Estado, através de documento assinado pela coordenadora Hérica Weysfield.
Por telefone, o promotor de Justiça Alzemiro Wilson Peres Freitas disse que pretende instaurar nos próximos dias uma investigação detalhada dos fatos, para determinar a verdadeira extensão dos danos ao equipamento e apurar as responsabilidades.
Procurados, os representantes do Instituto Oncológico disseram que quaisquer questões relativas ao serviço de oncologia em Araguaína deveriam ser respondidas pela Secretaria Estadual da Saúde. Também procurado, o secretário da Saúde, Samuel Bonilha, não foi localizado.
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