"É um centro médico, uma referência para a região Norte. Vendemos prestações de serviço para mais de dois milhões de habitantes", considera o médico

Sebastião Geraldo de Melo, 67 anos, conhecido por sua atuação na área médica, aproveitou o feriado de Finados de 1979 e saiu de Uberaba, em Minas Gerais, para um bate-volta com destino a Araguaína. A procura de um município com perspectivas de crescimento, ele ficou maravilhado com o potencial que encontrou no norte do então Goiás. E no início do ano seguinte, trouxe a família e toda sua vontade de transformar o ambiente ao redor.
Nos 60 anos emancipação do Município, Sebastião é mais um dos moradores que vieram de outros centros e se apaixonaram pela cidade. Para o médico, Araguaína apresentava e ainda apresenta três fatores determinantes para o desenvolvimento: circulação de dinheiro, localização geográfica privilegiada e acolhimento dos migrantes. "Todos éramos forasteiros, vindos com suas famílias de Barraria, do Nordeste, do Sul e Sudeste. Essa região é um trevão. Apesar de serem de locais diferentes, aqui nos apaixonamos pelo desejo de crescer e formamos uma família".
À época, o médico acreditou na cidade de 25 mil habitantes e pouca infraestrutura e que seria um "ancoradouro do Norte". "É um centro médico, uma referência para a região Norte. Vendemos prestações de serviço para mais de dois milhões de habitantes".
"Quando você tem a ideia de mudar para algum lugar, você tem que ir para crescer junto com a cidade. Buscando o crescimento profissional e sendo útil a sociedade. Foi assim que cheguei para trabalhar por 20 anos no Hospital das Clínicas, onde hoje é o Hospital de Doenças Tropicais (HDT)", concluiu.
 
Um tripé para o desenvolvimento
Sebastião aponta também que a cidade se desenvolveu pelas apostas num futuro promissor.  "Eu acho que a cidade cresceu porque vieram muitas pessoas com boas cabeças para cá. Fazemos para que a sociedade cresça num caminho bom. E vamos agradecer a Deus, porque nossa cidade está mudando a cada dia".
 
Terra de serviços
Ele ainda explica que houve um desaquecimento no tripé econômico da época: garimpos, madeireiras, mantendo parte da agropecuária. Mas o consumo da população manteve o crescimento de Araguaína.
"Sempre tivemos um bom consumo dos serviços. Hoje, nós não temos carros velhos nas ruas, o pessoal sai à noite para os bares e lanchonetes e tudo o que colocado à venda é vendido", analisou Sebastião.
 
Ultrapassando qualquer dificuldade
Morando numa das somente quatro casas próximas ao Edifício Anhanguera, ele conta que quando era chamado ao hospital, calçava as botas, puxava a barra da calça na altura dos joelhos e com a lanterna em uma das mãos e um guarda-chuva na outra, ia de encontro ao paciente em meio ao barro, chuva, escuridão e muriçocas.
"Aqui chovia durante seis meses seguidos, havia semanas em que não víamos a luz do Sol. Quando passava o período de chuvas, vinha a seca e tínhamos crises de energia elétrica. E nós tínhamos que atender, o sofrimento era do paciente e não nosso. E é assim até hoje, nunca desliguei o telefone, todos meus pacientes tem meu número. É preciso trabalhar com honestidade e para a comunidade", afirmou.