Movimento iniciou na Praça das Bandeiras e percorreu a Avenida Cônego João Lima

Araguaína (TO) - Representantes dos órgãos da segurança pública do Tocantins anunciaram um dia antes da passeata realizada em Araguaína nessa quarta-feira, 17, que as dívidas deixadas pela gestão passada estariam “impossibilitando” investimentos a curto prazo no setor. O intuito do movimento foi chamar a atenção do Poder Público para o crescimento da violência na região. Em contrapartida, o diretor da Associação Comercial e Industrial de Araguaína (Aciara), Renato Freire, enfatizou que o movimento buscou cobrar um comprometimento das autoridades da cidade, “que está abandonada pelo governo há anos”.
O secretário de Segurança Pública do Tocantins, César Simoni, garantiu que a categoria se comprometeu a estar à disposição da comunidade além das horas de trabalho previstas em lei.“Estamos buscando todos os dias as soluções e estamos convictos que vamos encontrar. Vamos superar as adversidades, constituir uma polícia forte e dar segurança para o cidadão”, disse. Duas equipes do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gote) serão deslocadas para o município durante duas semanas. Periodicamente, o grupo fará operações na região, mas a intenção é implantar uma equipe fixa.  
O anúncio aconteceu durante reunião na noite dessa terça-feira, 16, entre o secretário da pasta, o comandante geral da Polícia Militar (PM), coronel Glauber de Oliveira Santos, o comandante do Policiamento do Interior da PM, tenente-coronel Luis Carlos Barbosa Ferreira, a comandante do 2º Batalhão da PM de Araguaína, major Patrícia Murussi, e o sub-secretário de Defesa e Proteção Social, Hélio Marques, com os diretores da Aciara e representantes das entidades e instituições parceiras da mobilização, no auditório do Itpac.
Em relação ao concurso público realizado pela secretaria, a pasta afirmou que o Estado precisa dispor de recursos na ordem de R$ 9 milhões para dar posse aos aprovados, portanto ainda não há previsão. Segundo o presidente dos conselhos de segurança de Araguaína e diretor da Aciara, Dearley Kuhn, das nove células comunitárias de segurança existentes, apenas uma mantém operação e em condições precárias. “A presença dos policiais nos bairros com o auxílio da comunidade é uma estratégia importantíssima para identificar onde está a criminalidade e coibir suas ações. Mas já há algumas gestões, o governo do Estado não demonstra mais interesse neste projeto”, explicou.
De acordo com o comandante do Policiamento do Interior, com o incremento dos mil soldados aprovados no último certame, haverá condições de reativar as células. “Mas é preciso aguardar o prazo de formação dos policiais e planejar as ações”, disse.

Passeata
Mais de 2 mil pessoas, entre empresários, colaboradores do comércio, entidades e instituições sociais e ONGs participaram da mobilização nas principais avenidas de Araguaína. O movimento iniciou na Praça das Bandeiras e percorreu a Avenida Cônego João Lima na contramão até a BR 153. Dezenas de lojas fecharam as portas durante o horário comercial. “Se fizéssemos isso mais vezes, muita coisa poderia ser diferente. Acredito que essa ação trará resultados para nossa cidade”, afirmou a assistente pessoal Aline Queiroz Tavares.
Na rodovia, os manifestantes fecharam as duas pistas da rodovia por 30 minutos após negociação com a Polícia Rodoviária Federal. “A violência hoje não escolhe classe social. Ela atinge o comércio, casas, o transeunte, todos estão reféns. Esse movimento é pacífico, mas queremos deixar bem claro para as autoridades que não vamos mais admitir o descaso que Araguaína vem passando com a questão da segurança pública”, comentou o diretor da Aciara, Renato Freire.
“Ficamos extremamente satisfeitos com a adesão dos associados, empresários, funcionários e os fundamentais parceiros desta mobilização. Mostramos que juntos somos mais fortes para qualquer situação e acreditamos que, em breve, teremos resultados concretos em nossa cidade”, frisou o presidente da entidade, Manoel de Assis.

Mais de 2 mil pessoas participaram do movimento
Ele ressaltou às autoridades que o intuito do movimento é colaborar, além de cobrar o que lhes é de direito, já que todos contribuem com impostos. “E esta ação irá adiante porque pretendemos efetivar fóruns permanentes de discussões para fortalecermos o movimento e nos mantermos vigilantes quanto às ações do poder público”, completou Assis.
A diretora da Aciara, Juliane Carneiro, lembrou que a falta de segurança afetará diretamente a arrecadação do Estado. “Os comerciantes estão com medo de manter suas lojas abertas e até mesmo os consumidores temem ir às ruas para comprar porque podem ser assaltados a qualquer momento e em qualquer lugar”, reforçou.

Cobranças
Para o presidente do Rotary Club, Ronaldo Assis Carvalho, a Polícia Militar deveria aumentar o número de blitzs nas ruas e avenidas. “Queremos que as autoridades cobrem o cidadão, exijam que estejamos em dia com nossos veículos. A população quer ver a polícia na rua”, afirmou.
O advogado da Associação dos Praças da PM, Anderson Mendes, chamou a atenção para a necessidade de retornar às ruas os policias que atualmente cumprem funções de guarda ou administrativas em órgãos públicos.
“É preciso também garantir mais delegados para plantões nas cidades do interior. Quando acontece um flagrante, o pequeno destacamento de policiais precisa se deslocar até Araguaína para apresentar o acusado ao delegado. Enquanto isso, o município fica desprotegido”, ressaltou Mendes.

Medidas
Para o aparelhamento da Polícia Militar, coronel Glauber anunciou um novo contrato do Estado para a locação de 500 veículos, sendo que 167 já foram entregues. “Dentro de 30 a 40 dias, estaremos com todas as viaturas disponíveis”, adiantou. O Comando Geral garantiu um reforço inicial de viaturas e motos até que os novos veículos alugados cheguem à cidade. Segundo o coronel, o número não será divulgado por questões estratégicas.
Quanto ao aumento no efetivo, o comandante autorizou o pagamento de horas extras aos policiais para que o policiamento seja reforçado. “Vamos também aumentar o número de operações Fecha Quartel para deslocarmos nosso efetivo do administrativo para as ruas”, completou o coronel. O Comando Geral adiantou que há um projeto de implantação de uma Escola Militar para o início de 2016.