(Gurupi-TO) - Nitidamente emocionada, Solange Duarte, mãe de Vinicius Duarte de Oliveira, disse nesta terça-feira, 18, que espera que justiça seja feita sem “maracutaia” após recambiamento de Fábio Pisoni, 31 anos, para o Tocantins. Ele é acusado de assassinar Vinicius no dia 8 de dezembro de 2007, por volta das 4h30, em Gurupi.
“Sei que nunca mais eu terei meu filho de volta. Mas, agora, espero agora a justiça seja feita sem maracutaia e faça realmente o que tem que ser feito”, enfatizou Solange, entre lágrimas.
Ela afirmou que há “muita mentira” em volta do fato. “Eu vou cobrar o que sempre cobrei. Tem muita mentira por trás, mas eu tenho toda a documentação que trata sobre o assassinato do meu filho”, afirmou.
Ela foi enfática ao garantir que não perdoou Pisoni. “Eu sou muita humana para isto. Esta questão ele vai acertar com Deus. Ainda que eu tente melhorar, infelizmente ainda não consegui. Sou mãe e sofro com a falta do meu filho”, contou. Sobre o que diria ao acusado se ficasse frente a frente com ele, Solange disse apenas: “não preciso falar nada. Ele destruiu uma vida, uma família, sonhos de muita gente”.
Há informações de que, quando Pisoni foi preso pela PRF/SP estaria vindo se entregar à justiça tocantinense. “É mentira. É só pegar o itinerário que ele estava fazendo. Ele estava em direção a José Bonifácio, Rio Grande do Sul ou Paraguai. O Tocantins está oposto. É mais uma mentira e existem várias”, afirmou Solange.

Acusado
Pisoni, que é acusado de assassinar Vinicius após uma discussão entre alguns estudantes, foi preso dia 11, por volta das 22h15, na BR-153, no km 99 do município de José Bonifácio (SP) durante uma blitz realizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) paulista.
Na época do crime Pisoni, tinha 26 anos e munido de uma pistola automática calibre 22, disparou seis tiros contra um veículo Gol onde seis estudantes de Agronomia estavam.
Entre os ocupantes estava Vinícius, que na época tinha 21 anos recebeu dois tiros, sendo um no coração, que o matou, e mais outro no abdômen.
No dia 14, a titular da Delegacia Regional de Gurupi, Lucélia Maria Marques Bento, informou que está aguardando apenas a expedição da carta precatória da 1ª Vara de Execuções Penais de Gurupi para a Justiça do município de José Bonifácio (SP), para que seja liberado o recambiamento de Pisoni.

Operação Maet
Fábio Pisoni foi um dos pivôs do afastamento do desembargador Amado Cilton Rosa do Tribunal de Justiça do Tocantins. Em investigações de denúncias de venda de sentenças, chegou a ser divulgado que a Polícia Federal e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) teriam recebido um cheque em branco e um celular com 13 mensagens que poderiam se tratar de uma negociação relacionada à liberdade do estudante Fábio Pisoni.
Toda a transação teria sido negociada pela esposa do desembargador, Liamar de Fátima Guimarães, servidora do Tribunal de Justiça do Tocantins e afastada, junto com o marido, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Segundo as informações divulgadas à época (em junho de 2011) chegaram à PF e ao CNJ informações de que o cheque em branco seria uma garantia para o caso de Fábio Pisoni não conseguir o habeas corpus supostamente “comprado” por R$ 50 mil, 11 dias após o crime.
Tempos depois, o habeas corpus para Fábio Pisoni foi revogado pelo Colegiado do Tribunal de Justiça do Tocantins, mas ele já tinha fugido Vinicius Duarte de Oliveira, em Gurupi.