Ministra Kátia Abreu: “O governo poderia ousar um pouco mais nas medidas administrativas”

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou não ter visto o governo Marcelo Miranda (PMDB) ter tomado “medidas adequadas até hoje” no primeiro ano de gestão. Aliada de Marcelo nas eleições do ano passado, Kátia criticou o governador durante entrevista ao Jornal do Tocantins na edição desse domingo, 20. Na matéria, ela defendeu a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), tributo pelo qual foi a responsável pela extinção quando era adversária do PT.
Kátia disse na entrevista que hoje tem apenas “uma relação institucional” com o governador Marcelo Miranda. Os dois romperam às vésperas da posse de Marcelo, em dezembro do ano passado, porque a hoje ministra queria maior participação no governo. Como o governador se recusou a ceder, ela foi à casa dele com gritos e xingamentos, marcando o fim da aliança iniciada em setembro de 2013, quando a então senadora anunciou rompimento com outro ex-aliado, o ex-governador Siqueira Campos (PSDB).
Ela lembrou ao Jornal do Tocantins que já recebeu Marcelo no Ministério da Agricultura e disse que tem feito sua parte para o Estado. “Como ministra e colega de vários ministérios, estou tentando ajudar. Os prefeitos são testemunhas da minha colaboração”, garantiu.
Porém, ressalvou Kátia, “o governo poderia ousar um pouco mais nas medidas administrativas”. “Infelizmente, acho que as medidas não foram suficientes em termo de gestão, de governança para que o Estado pudesse sair da situação que está. Neste momento, o governante precisa ter o bônus de ser governo, mas assumir também os ônus, pois é uma questão de prioridade”, defendeu a ministra.
Kátia, contudo, avaliou que “ainda está em tempo” e disse que acredita que “a equipe de governo deverá, junto ao governador, ver e fazer um balanço da situação do Estado”. “Diante das dificuldades é que aparecem os grandes líderes. Durante a bonança onde tem muito dinheiro, onde tem muito a fazer e recurso para fazer, é fácil governar. Difícil governar é na hora do aperto, é nesta hora que se mostra um grande líder e um grande estadista”, afirmou.

Pela CPMF

Depois de se colocar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) — o que classificou como “um grande equívoco” —, a ministra disse que “detesta todos os impostos”, mas que o déficit do País de R$ 120 bilhões precisa ser coberto. “Que seja CPMF ou outro tipo de imposto, nós teremos que ter para cobrir isto, mesmo desgostando, mesmo achando e tendo a convicção de que a carga tributária é grande”, afirmou Kátia.
Segundo ela, o momento atual é diferente da época em que a CPMF foi extinta. “Quando extinguimos a CPMF, o Brasil estava em um momento tão adequado e propício, que arrecadou o valor de uma CPMF a mais. Isso provou que não era necessário a CPMF naquele tempo. Agora, nós estamos em uma situação crítica, nossas receitas encolheram por falta de aquecimento da economia, tivemos queda na arrecadação, por isso que nosso déficit está em R$ 120 bilhões”, alegou.