Illya Nathasje

(Santa Teresinha-TO) - De um lado, uma grande empresa de Goiás e seu representante que aportou em Santa Teresinha a bordo de um avião de pequeno porte, um helicóptero e quatro camionetas Hilux, ocupadas por homens que aparentemente fazem a segurança do primeiro. De outro, 25 pequenos produtores, ocupantes da terra, alguns deles, há 40 anos e que dizem ter os documentos de titulação expedidos pelo ITERTINS, o Instituto de Terras do Tocantins.
A cena antes banida no cotidiano recente do Bico, voltou a acontecer, quando um oficial de Justiça para cumprir um mandado de imissão de posse, o primeiro deles, através de uma Carta Precatória, se fez presente em uma das propriedades a ser desocupada acompanhado de grande aparato policial, portador de armas de fogo de grosso calibre, causando constrangimentos, assustando os pacíficos e ordeiros moradores. O que parecia passado se fez presente. Um detalhe: a Carta Precatória que assegura a imissão de posse e embala o despejo de 25 famílias de trabalhadores e 40 anos de trabalho é emitida pelo Estado de Goiás. O Bico do Papagaio, desde a promulgação da Constituinte em 1988 deixou de pertencer aquele estado. Agora é Tocantins.
A reportagem apurou que tudo é resultado de um antigo processo que a empresa movia contra o estado de Goiás. Ganhadora, a empresa recebeu como parte da dívida resultante, uma área de mais de 2 mil hectares que teria pertencido ao Banco de Desenvolvimento do Estado de Goiás. Na área, as terras dos 25 produtores.

Soberania agredida?
Na cidade, ninguém quer falar. Um dos proprietários chegou a afirmar em off, que a ação se aproxima de grilagem. Como a imissão de posse veio da Justiça de Goiás, ele alega que o Tocantins está sendo desrespeitado, agredido em sua soberania. Há quem questione a credibilidade dos documentos apresentados pela empresa e todos se queixam, que uma ação dessa envergadura, não seja acompanhada de nenhuma assistência jurídica aos produtores.