A violência no Tocantins tem aumentado nos últimos anos. É o que mostra o estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Atlas da Violência 2017. Entre 2005 e 2015, o número de homicídios no Brasil cresceu 22,7%, já no Estado cresceu 164,7%, o terceiro maior índice do País, perdendo apenas para Sergipe (167,6%) e Rio Grande do Norte (280,5%), sendo que todas as unidades da federação com crescimento superior a 100% nas taxas de homicídios pertenciam ao Norte e Nordeste.
De acordo com o levantamento, o maior número registrado no Tocantins durante esses 11 anos foi em 2015, com 503 óbitos. Na outra ponta está o ano de 2005, com 190, uma diferença de 313 homicídios no período. Somente entre 2014 e 2015 o índice cresceu 32%, passando de 381 para 503, ou seja, um incremento de 122 mortes.
O estudo também aponta a taxa de homicídios por 100 mil habitantes, que em 2005 era de 14,6 e em 2015 chegou a 33,2, um aumento de 128,1%. Se comparados aos anos respectivamente anteriores, 2007 com índice de 16,6 mortes causadas e 2013 com 23,6; apresentaram leve queda, já que em 2006 a taxa foi de 17,2 e 2012, de 26,7.
Apesar dos dados alarmantes, nenhum município do Tocantins aparece no ranking das 30 cidades mais violentas, com mais de 100 mil habitantes, ou seja, com o potencial de ter apresentado a maior prevalência de agressões letais em 2015, segundo a soma das taxas de homicídio e Mortes Violentas com Causa Indeterminada (MVC). Contudo, os municípios do Estado também não figuram na lista dos 30 mais pacíficos.
Perfil das vítimas
Conforme o Atlas da Violência 2017, desde 1980 está em curso no Brasil um processo gradativo de vitimização letal da juventude, em que os mortos são pessoas cada vez mais jovens. No Tocantins não é diferente. Nesses 11 anos do estudo, o aumento da taxa de homicídio de pessoas com faixa etária entre 15 e 29 anos, no Estado, foi de 176,1%. Esse também é o terceiro maior índice do País.
Outro ponto relevante do estudo é o da violência contra a mulher. Entre 2005 e 2015, a taxa de homicídio desse grupo cresceu 18,9% no Brasil. Somente em 2015, 4.621 mulheres foram assassinadas, o que corresponde a uma taxa de 4,5 mortes para cada 100 mil mulheres. No Tocantins, o crescimento nos 11 anos foi de 128,6%.
No Brasil, o número de incidentes de mortes decorrentes de intervenção policial entre 2005 e 2015 foram 3.320 e já ultrapassou o de latrocínio (roubo seguido de morte), que foi de 2.314. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública indicam que, em 2015, ao menos 358 policiais civis e militares constam das estatísticas de homicídio do país. Os maiores índices estão no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. O Tocantins registrou 19 mortes por intervenção policial, sendo que 8 delas foram em 2015.
Arma de fogo
Por fim, o estudo aponta que a arma de fogo continuou como personagem central na história da violência letal. Em 2015, 41.817 pessoas foram mortas por essas armas, o que correspondeu a 71,9% do total de homicídios no País. Depois de uma redução nas mortes por armas de fogo que se seguiu após o Estatuto do Desarmamento até 2007, observou-se um incremento nas mortes por esse tipo de instrumento nos últimos anos, sobretudo, no Norte e Nordeste do país. No Tocantins o crescimento registrado foi de 253,8%, entre 2005 e 2015.
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