O evento, realizado pelo Governador Siqueira Campos, aconteceu em Palmeirópolis, onde ocorreram palestras e a primeira sangria de um lote de 40 mil árvores

(PALMAS-TO) - Nesta quinta-feira, 6, foi a vez da região Sul do Estado ter seu Polo de Produção de Seringueira lançado e ainda presenciar o encaminhamento do Projeto de Lei nº 59, que dispensa a atividade do Licenciamento Ambiental para as áreas já consolidadas, degradadas ou subutilizadas em agropecuárias. O documento assinado pelo Governador Siqueira Campos será um divisor de águas para os seringais, facilitando todo o processo de produção. O evento ocorreu na Fazenda Serra Dourada, em Palmeirópolis, onde foram realizadas palestras e a primeira sangria de um lote de 40 mil árvores da propriedade.
“O Tocantins é eminentemente agrícola, mas precisa diversificar suas atividades para alcançar sustentabilidade econômica e com isso garantir fonte de receita contínua. A seringueira pode garantir isso, e ainda trazer mais indústrias e agroindústrias para o Estado, gerando mais emprego e renda”, explicou o Governador, acrescentando que o Projeto de Lei tornará mais rápido e prático o plantio.
De acordo com o secretário executivo da Seagro, Ruiter Pádua, o objetivo do Governo do Estado é que o plantio de seringueiras no Tocantins cresça 590% até 2017. Para estimular esse avanço, a Seagro está lançando os Polos de Produção nas regiões Central, Sul e Extremo Norte do Tocantins. “Esperamos que os polos facilitem a instalação de indústrias para o beneficiamento do produto, assim como os financiamentos para aquelas áreas”, falou.
Para o secretário da Agricultura, Jaime Café, é importante deixar claro que a seringueira está sendo apontada como uma importante ferramenta de diversificação da renda. “Na Ásia, maior produtor do mundo, os produtores tem de 1 a 2 hectares de área, que tem uma renda mensal muito boa. É isso que propomos aqui”, disse, argumentando que o produtor pode e deve continuar criando seus animais ou plantando sua lavoura normalmente.
O proprietário da Fazenda Serra Dourada, George Rajar, está entusiasmado com o plantio. Ele começou com seis mil pés, está com cerca de 500 mil e pretende chegar a um milhão de árvores, em breve. “A seringueira é uma redenção para os produtores. Nenhuma outra atividade rende mais do que a seringueira e o custo maior é com a mão de obra. Pequenos agricultores podem utilizar a mão de obra familiar, ou seja, custo mais baixo. É muito viável para pequenos, médios e grandes”, explicou o produtor de látex.

Estações
Na ocasião, os produtores também participaram de estações realizadas por técnicos da Embrapa- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, instituição parceira do evento. Os temas abordados foram: “Como produzir mudas de Seringueira”, “Implantação e Manejo de Seringal” e “ Como ocorre a sangria”.

Pronaf
Durante o evento, três produtores de Pium assinaram o contrato de financiamento, realizado junto ao Banco da Amazônia, para a implantação de seringais, utilizando recursos do Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. O investimento específico para a cultura da seringueira foi uma solicitação do Governo Estadual, por meio da Seagro- Secretaria da Agricultura, da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário, ao Governo Federal.
O produtor Rubens Junqueira explica que se interessou pela cultura vendo os comentários de um amigo. A certeza de investir no negócio veio ao participar de uma palestra do Governo Estadual e o financiamento irá facilitar muito o plantio na sua propriedade. “Planto arroz, milho e tenho um pouco de banana. A intenção é que a seringueira, que ocupará dois hectares de área, complemente a nossa renda”, explicou.

Presenças
Cerca de 300 produtores rurais participaram do evento, muitos deles organizados em caravanas oriundos dos municípios de Pium, Fátima, Natividade e Jaú do Tocantins. Também prestigiaram o evento, o deputado federal César Halum; o deputado estadual Ricardo Ayres; a presidente do Ruraltins, Miyuki Hyashida; o secretário chefe da Casa Civil, Renan de Arimatéia; o superintendente do Banco da Amazônia, Donizete de Campos e o presidente do Naturatins, Alexandre Ubaldo.

Custos e renda
O engenheiro agrônomo e consultor, José Fernando Benesi, explica que para plantar um hectare com seringueira, o produtor deve investir de R$ 12 a 15 mil até o sexto ano, quando irá começar a coleta de látex. A média de renda por hectare plantado é de R$ 7 mil, por ano. O plantio de seringueira produz até 40 anos. Do plantio ainda pode ser tirada a madeira para produção de móveis, as sementes para fabricação de tinta e sabão, e a torta serve para alimentação de animais. As flores também são muito apreciadas pelas abelhas, estimulando a criação dos insetos para a produção de mel.

Logística
Diferente de outras culturas, Benesi explica que a venda do látex é feita de forma fácil e muito simples. “As indústrias trabalham com o recolhimento nas propriedades, sejam para pequenas, médias ou grandes quantidades. Como o látex não perece, o produtor não perde dinheiro se vierem no mês seguinte ao da coleta. O material é pesado antes de entrar no caminhão e no outro dia o dinheiro está na conta”, contou o agrônomo, acrescentando que devido a grande demanda pelo produto não faltam empresas interessadas na aquisição.

Financiamento
Para estimular a produção, o produtor interessado em investir em seringueira tem duas boas opções de financiamento. O Pronaf - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Floresta, que disponibiliza até R$ 35 mil e ainda o Eco Seringueira (solicitação da Seagro ao Governo Federal), que oferece até R$ 80 mil. O produtor deve apresentar os documentos necessários às instituições financeiras e ganham um prazo de até sete anos para começar a pagar. “Não tem justificativa para não plantar seringueira, porque ele pode começar a pagar o financiamento quando começar a produzir o látex”, comentou o engenheiro Benesi.

Dados
O Brasil produz somente 30% do consumo nacional, exportando da Ásia cerca 70% da borracha utilizada. No Brasil, o estado que mais produz borracha é São Paulo, porém a maior produtividade está em Goianésia – GO, com 2.300 kg de borracha seca por hectare/ano. Para se ter uma ideia, em São Paulo, a produtividade é de 1.400 kg.
Atualmente, o Tocantins possui uma área de 1.840 hectares de seringueiras plantadas e emprega cerca de seis mil pessoas diretamente. Ampliando essa área para aproximadamente 12 mil hectares até 2017, serão gerados mais de 62 mil empregos diretos. (Andressa Figueiredo)