O Tocantins possui uma das maiores florestas petrificadas do Brasil

(PALMAS-TO) - O patrimônio natural do Tocantins é, sem dúvida, rico e surpreendente. Além de abrigar algumas das regiões mais belas do Brasil como Jalapão e Cantão, o Estado também sedia um dos maiores patrimônio arqueológicos e paleontológicos do mundo, o Monumento Natural das Árvores Fossilizadas. Localizado no município de Filadélfia, no distrito de Bielândia, a 330 quilômetros da Capital, o Parque das Árvores Petrificadas é administrado pelo Governo do Estado, através do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins).
A unidade de conservação, conforme estudiosos do assunto, é uma das maiores florestas petrificadas do país, ocupando hoje uma área de mais de 32 mil hectares. A região é considerada de extrema relevância científica, devido o ótimo estado de conservação da maioria dos fósseis. Pesquisas revelam que os materiais encontrados no local têm mais de 250 milhões de anos, ou seja, são anteriores à época dos dinossauros. “A preservação desse monumento é importante não só para o Brasil, mas para a humanidade porque sítios fossilíferos com essa idade e essas espécies vegetais são encontrados em poucos lugares. No mundo todo existem poucos indícios de vegetação tão antiga”, explica o diretor da unidade, Vicente Faustino.
As rochas do Monumento e de seus arredores são portadoras de notável e abundante material fossilífero, essencialmente representado por restos de plantas. Tais fósseis constituem uma peça-chave do patrimônio científico mundial, tendo enorme importância para estudiosos que investigam florestas, o clima e a ecologia planetária do período Permiano. Entre os principais fósseis encontrados no Parque destacam-se samambaias arborescentes. Os vegetais fósseis são encontrados facilmente pelo Parque, onde literalmente se pisa no material.
De acordo com informações do Parque, na região tocantinense de Filadélfia existiam também fósseis de vegetais primos das coníferas (Cordaitales) e de cavalinhas (Equisetales), mas esse material acabou sendo vendido ilegalmente para cientistas alemães, que publicaram estudos na revista científica Review of Paleobotany and Palynology. Na Alemanha, o comércio de fósseis é legal e os pesquisadores teriam comprado as peças de contrabandistas brasileiros.

Paus de pedra
Mas o que é um fóssil? O dicionário traz a seguinte definição: “resto de matéria orgânica, animal ou vegetal, que se encontra nas camadas terrestres anteriores ao período geológico atual.” O aspecto de um fóssil, seja animal ou vegetal, remete logo a pedras, devido à textura, aparência e mesmo peso dos artefatos.
Mas como é possível a transformação de um pedaço de madeira em ‘pedra’? A geologia (simplificadamente, ciência que estuda a terra) explica que o processo de fossilização é extremamente lento e necessita de milhões de anos para ocorrer e consiste basicamente na substituição atômica do material orgânico por uma substância chamada sílica, que confere à matéria orgânica o aspecto de pedra.

Turismo científico e ecológico
Além da importância pré-histórica da região, o Parque das Árvores Petrificadas abriga também belas paisagens, como rios, serras e cachoeiras que também farão parte do roteiro de visitação turística.
Quem deseja conhecer a unidade pode procurar o Naturatins para receber orientações sobre os procedimentos de visita ao local. O diretor da unidade, Vicente Faustino, explica que atualmente está sendo concluída a sede do Centro de Apoio ao Turista, dentro da unidade de conservação. Ele destaca que quem deseja conhecer o Monumento pode contratar um guia local e seguir para o Parque.
O Parque também pode ser visitado para fins científicos, desde que os pesquisadores estejam vinculados a universidades. Informações sobre agendamento de visitas podem ser obtidas pelo telefone: (63) 3218-2678.

Crime ambiental
Retirar e comercializar fósseis de áreas de preservação ambiental é crime no Brasil. A área onde hoje é o Monumento das Árvores Petrificadas ficou sendo conhecida pelas autoridades ambientais em 1.996, quando uma denúncia de que fósseis daquela região estavam sendo extraídos e comercializados foi repassada ao Ministério Público e este acionou o Governo, fazendo com que no ano 2.000 fosse criada a unidade de conservação.