Familiares vieram do interior da Bahia e protestaram em frente ao Tribunal de Justiça

Familiares de quatro homens mortos pela Polícia Militar (PM) na zona rural de Rio da Conceição, há quase quatro meses, fizeram um protesto na manhã dessa quarta-feira, 2, em frente ao Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ), e seguiram para o Palácio Araguaia. Com cartazes, cruzes e uma faixa, eles pediam justiça.
A esposa de uma das vítimas, Jordânia Rodrigues Rocha, contestou a versão da PM de que houve confronto. Ela contou que os homens eram trabalhadores rurais da cidade de Barreiras (BA) e foram para Rio da Conceição a trabalho.
“Eles vieram para trabalhar na zona rural e quando menos se espera aconteceu que eles foram executados pela polícia. A polícia recebeu a denúncia dos moradores e chegou já executando, sem perguntar para eles o que eles estavam fazendo lá. Nós queremos justiça porque eles não eram criminosos, eram pais de família e trabalhadores”, disse Jordânia. “A gente só está querendo justiça”, ressaltou.
A região onde os homens foram mortos é alvo de conflito agrário. Na época do episódio, a PM informou que foi ao local porque havia suspeita de que o grupo se preparava para cometer crimes no Estado. Com a chegada da viatura, de acordo com a corporação, houve troca de tiros e os quatro homens baleados foram encaminhados ao Hospital de Dianópolis, mas não resistiram aos ferimentos.
Ainda segundo a PM, no local foram apreendidas três armas de fogo, sendo duas espingardas com diversas munições e um revólver calibre 32 também com munições do mesmo calibre, além de coletes, gorros, luvas e vestimentas camufladas.
Jordânia contou que foi informada pela polícia que o grupo estava planejando assaltar um banco em Palmas. “Para assaltar um banco tem que ter bastante força armada e muita gente. Como quatro pessoas vão assaltar um banco se não tem nem sequer arma? Meu marido nem sabia atirar, era homem do bem, não era bandido como os policiais dizem. Todos eles eram pais de família e trabalhadores”, contestou Jordânia.
Durante o protesto, os familiares tentaram falar com o presidente do TJ-TO, desembargador Eurípedes Lamounier, mas não tiveram sucesso. O grupo seguiu para o Palácio Araguaia com o objetivo de levar a reivindicação ao governador Marcelo Miranda (PMDB).
Contatada a Secretaria de Segurança Pública do Tocantins (SSP-TO) informou que aguarda informações sobre o inquérito do caso que ainda não foi concluído.