PALMAS - Se há algumas semanas a preocupação dos produtores de soja do Brasil Central era com a falta de chuvas, o contrário agora é verdadeiro. O excesso de umidade em áreas do Centro-Oeste e da região do Matopiba já compromete o início e avanço da colheita, reduz a qualidade dos grãos e, mais uma vez, ameaça a produtividade da safra 2015/16.
Segundo um levantamento da consultoria AgRural, o país já havia colhido 0,5% de sua área cultivada com a oleaginosa até o último dia 15, enquanto no mesmo período do ano anterior esse índice era de 1,1% e a média dos últimos cinco anos é de 0,7%.
O relato dos produtores rurais que já conseguiram colher algumas áreas é de um rendimento menor do que suas estimativas iniciais. E se muita chuva agora atrapalha no centro do Brasil, no Sul, onde as lavouras estão nas fases de floração e enchimento de grãos, o tempo secou e as previsões indicam que esse deve ser o padrão por pelo menos o período dos próximos sete dias.
Chuvas no Tocantins
De acordo com o professor meteorologista da Untins (Universidade do Tocantins), José Luiz Cabral, já choveu este ano 70% do volume total, na média, de janeiros anteriores. Ainda segundo ele, o volume de chuva do mês no Estado gira em torno de 250 a 300 milímetros. “Desde o dia primeiro até agora choveu 220 milímetros”, disse.
Ao falar sobre as estações meteorológicas monitoradas no Estado, o professor aponta que há déficit neste mês na região sudeste. Em Taguatinga, segundo ele, choveu 150 milímetros. Já Araguaína e Porto Nacional alcançaram 250mm. Pedro Afonso, por exemplo, 240mm. E Palmas e Peixe, neste mês, já registraram 220 milímetros de chuva.
Por outro lado, em relação ao período chuvoso (que tem início em outubro) o Estado tem décifit de 200 milímetros de chuva no extremo norte. Nessa época chove de 700 a 800 milímetros na bacia Tocantins-Araguaia. Motivo: os meses de outubro e novembro as chuvas foram irregulares e em baixa quantidade.
Neste período, porém, o fenômeno temporário El Niño apresenta volume satisfatório de chuva. “E as previsões são de mais chuva nas próximas 76 horas”, afirmou Cabral.
Chuvas no Centro-Norte
As chuvas seguem no centro-norte do país. Nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, os acumulados, em determinados pontos, podem passar de 100 mm nos período de 19 a 23 de janeiro, segundo informou a Climatempo.
“Nesta semana um sistema meteorológico chamado de “Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS)” será responsável por chuva frequente e volumosa em grande parte do país. Este sistema caracteriza-se por uma extensa faixa de nebulosidade que se estende desde o Atlântico até o sul da Região Norte, passando sobre parte do Sudeste e do Centro-Oeste. Grandes áreas de instabilidade também vão atuar no interior do Nordeste e vão provocar chuvas intensas”, informou a Climatempo em seu boletim semanal.
Conforme o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos, a região do Matopiba registraria, em média, chuvas de mais de 200 mm que poderiam prejudicar as lavouras do Matopiba. “Há tempos não eram registradas tantas chuvas nas regiões Central e Norte do Brasil e pior, com tamanha frequência. Há locais em que desde o primeiro dia do ano chove todos os dias. E nessa terça-feira não será diferente, principalmente sobre as regiões produtoras do Matopiba”, disse
No oeste da Bahia, ainda segundo Santos, os volumes acumulados entre esta terça e a quinta-feira (21) podem passar dos 200 mm e atingir diretamente as plantações de soja, bem como comprometer o plantio local do algodão. “E, segundo os modelos de previsão, esse tempo fechado e chuvoso deverá se manter inalterado ao longo de todo o mês de janeiro”, completa.
Na última semana também foram registradas chuvas fortes em grande parte do Brasil, com os mais elevados volumes em São Paulo, sul de Minas Gerais, Triângulo Mineiro e norte do Paraná. A frequência das precipitações, além de sua intensidade, tem chamado muito a atenção não só dos produtores rurais, mas também dos meteorologistas.
De acordo com dados do CPTEC Inpe, em pontos no norte de Mato Grosso os acumulados chegaram a ficar entre 180 mm e 210 mm no intervalo dos dias 11 a 17 de janeiro. Em São Paulo, por exemplo, esses números sobem para algo entre 240 e 300 mm. (Com informações do Notícias Agrícolas)
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