BRASÍLIA - A Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) certificou a primeira propriedade no Brasil em 2011. De lá para cá, os números impressionam e 73 fazendas são certificadas, o que representa 432,2 mil hectares certificados. Para disseminar o trabalho realizado, a Associação promove pela 11ª vez sua Conferência Anual. O objetivo do evento é ampliar o debate sobre o futuro da produção, comercialização e cadeia de fornecimento de soja sustentável, indo além da certificação para abraçar a ideia de uma plataforma de diálogo entre os diferentes grupos de interesse.
Entre os palestrantes que realizarão um debate sobre a produção e o comércio da soja no contexto mais amplo da sustentabilidade, o ex-ministro do MAPA e atual Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV/EESP, Roberto Rodrigues, faz a abertura do evento com a palestra “Qual é o futuro da soja sustentável e como a colaboração pode nos ajudar a chegar lá?”. Além de renomados palestrantes, o evento conta com a participação de produtores, representantes da indústria, autoridades e sociedade civil que compartilharão seus desafios e soluções.
De acordo com Roberto Rodrigues, um dos temas centrais da segurança alimentar é: não há paz onde houver fome e o grande desafio para os próximos anos é garantir a segurança alimentar. “Esse desafio é potencializado sem que haja destruição de recursos, ou seja, de forma sustentável e com qualidade. Nesse contexto, a soja é muito importante como óleo, farelo, proteína animal e é necessário que seu desenvolvimento seja realizado de forma sustentável. A realização dessa Conferência no Brasil é um reconhecimento para a produção brasileira que está em plena expansão”, ressalta.
Programação
A conferência ocorre nos dias 1 e 2 de junho no hotel Royal Tulip, em Brasília-DF. No primeiro dia, serão abordados conceitos jurisdicionais e o futuro das políticas públicas, planejamento da paisagem e inteligência, questões ambientais, cadeia de fornecimento de soja responsável e suprimentos, tecnologia e inovação no campo. Já no segundo dia, os temas inclusão, escravidão moderna, exclusividade e uso e direitos às terras serão debatidos pelos participantes.
A abertura do evento será realizada pelo presidente da RTRS, Olaf Brugman, e pelo ex-ministro da Agricultura e atual Coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, que irão debater sobre o futuro da soja responsável e como a colaboração de todas as partes podem ajudar o processo. A dinâmica do encontro visa priorizar a discussão e a participação dos convidados em todas as plenárias.
Na primeira plenária do dia 1 de junho, os palestrantes Terence Baines da Unilever, Darcy Getulio do Clube Amigos da Terra e Arnaldo Carneiro da Agrocoine introduzirão três temas-chaves discutidos durante o dia: “Planejamento da paisagem e inteligência” e “Compras a partir de fontes responsáveis na cadeia de suprimentos”, “Tecnologia e inovação no campo e Abordagens jurisdicionais”.
Após esse momento, os participantes se dividirão em três sessões paralelas de diálogo para discutirem cada tema com líderes de organizações internacionais (Bayer, Marks and Spencer - M&S, The Nature Conservancy - TNC, The Sustainable Trade Initiative - IDH, Unilever, World Wildlife Fund - WWF, entre outras) e representantes de entidades brasileiras (Agroicone, Agrosatélite, Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento - LAPIG, SLC Agrícola, Usina Iracema, entre outras). Na próxima sessão paralela, haverá um diálogo em grupo para debater o caminho para a soja sustentável, quais fatores conduzem a agenda de soja sustentável e o que cada um precisa fazer para levá-la à frente.
Em seguida, haverá equipes de trabalho em que os participantes serão divididos por região e áreas comerciais de interesse para abordar “Possibilidades de negociação: Europa - América do Sul”; “Oportunidades de negociação: Ásia - América do Sul”; “Mercados produtores: Argentina - Bolívia - Brasil – Paraguai”, “Mercados de produtores e oportunidades comerciais: América do Norte”. No fim do dia, todos os participantes se reunirão para receber um feedback e a consolidação dos resultados das discussões em sessão e nos plenários paralelos.
Em 2 de junho, a primeira palestra analisa como as cadeias de fornecimento de soja podem promover inclusão social e desenvolvimento equitativo. Serão apresentados quatro temas-chave: “Quais são as dimensões da escravidão moderna e quem é responsável?”, “Quais são as lições aprendidas com a promoção de cadeias de valor mais socialmente inclusivas para os pequenos agricultores, mulheres e pobres?”, ”Produção de soja e direitos das terras indígenas: o que podemos aprender?” e “Como os riscos e oportunidades ambientais e sociais se sobrepõem e como podemos ter uma abordagem integrada de ambos?”. O sociólogo Caio Magri, do Instituto Ethos, Ashis Mondal, da ASA, Marco Pavarino do Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário e outros especialistas renomados participarão dessa etapa.
Depois desse momento, haverá uma sessão para esclarecer possíveis dúvidas e reunir ideias do que pode ser feito para incrementar a produção e a comercialização de soja responsável. A última atividade será um resumo das reuniões e um encerramento do evento.
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