Interessados em investir na fronteira agrícola do Matopiba, empresários japoneses cobram do governo federal a apresentação de um plano de investimentos. A manifestação crítica foi feita durante debate sobre o custo Brasil na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, recentemente, em Brasília.
Entre os presentes estava o presidente da Mitsubishi do Brasil Aiichiro Matsunaga. Eles responderam positivamente ao serem questionados sobre interesse em investimento no agronegócio na fronteira agrícola formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Plano do Matopiba
A exigência dos japoneses de ter um plano do governo federal para estudar investimentos no Matopiba esbarra num contraponto: até então a atual gestão do Ministério da Agricultura não colocou em prática a readequação anunciada para o projeto do Matopiba.
Recentemente, o Norte Agropecuário publicou, com exclusividade, que governadores da região estão à margem da discussão sobre o projeto. Eles, até então, não haviam sido comunicados sobre como está o andamento do projeto.
A readequação foi anunciada pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ao alegar que o plano apresentado pela ex-ministra Kátia Abreu estava fora da realidade econômica do país – investimento é estimado em, no mínimo, R$ 29 bilhões (entre poder público e iniciativa privada).
E, em relação à questão burocrática, a questão do Matopiba não é nada animadora. A última movimentação do projeto de lei que cria a Agência de Desenvolvimento do Matopiba é de 7 de junho. Desde então, nenhuma movimentação foi feita.
Necessidade
de reformas
Os empresários também defenderam reformas tributária e trabalhista. O presidente da Mitsubishi do Brasil, Aiichiro Matsunaga, considera a redução do custo Brasil imprescindível para a manutenção dos investimentos no País e da competitividade das empresas japonesas instaladas aqui. Ele defendeu reformas no sistema tributário, principalmente na cobrança do ICMS.
Na área trabalhista, Matsunaga defendeu flexibilidade às regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ele afirmou que a correção obrigatória do salário mínimo afeta o fluxo de caixa das empresas e compromete a competitividade de indústria brasileira.
O presidente da Mitsubishi também alertou sobre as demissões necessárias para reduzir o custo de mão de obra das empresas, principalmente dos empregados que atingem nível salarial mais alto com o tempo de serviço.
Aumento dos
investimentos
O presidente da Câmara de Comércio Brasil-Japão, Thoshifumi Murata, ressaltou que os investimentos das empresas japonesas no País cresceram após a crise econômica nos países asiáticos em 2008. Ele afirmou, no entanto, que os investimentos aumentariam no atual cenário de crise no Brasil se o ambiente de negócios se tornasse mais favorável.
“Apesar de o governo interino Temer mostrar grande confiança ao mercado, a nós parece que levará um considerável tempo para que o Brasil possa sair dessa crise. Mas com a esperança de uma reforma estrutural no País, as empresas japonesas continuam possuindo forte interesse em investir no Brasil”, declarou.
Murata disse que parte dessa mudança poderá ser a assinatura de um acordo de parceria econômica entre Brasil e Japão. Ele informou que, atualmente, 230 empresas japonesas são associadas à Câmara de Comércio Brasil-Japão. (Com informações da Câmara)
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