Maria Zilma Leite, Wânia Ramos, Raimunda dos Santos, Nazi Pereira e Juliana Costa receberam o troféu Mulher Empreendedora

Mulheres em situação de vulnerabilidade social, com pouca ou nenhuma renda, e filhos para criar, que resolveram se aperfeiçoar ou se capacitar em cursos profissionalizantes no Centro Municipal de Geração de Renda. Ao se tornarem empreendedoras, conseguiram alimentar e custear os estudos dos filhos. Esse é o perfil das cinco homenageadas pela Associação Comercial e Industrial de Araguaína (Aciara), na noite dessa terça-feira, 6, na 2ª edição do Mulher Empreendedora.
O evento é realizado pela Aciara em parceria com a Prefeitura de Araguaína e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e contou com a exposição sustentável "Viva Mulher", palestras e a mesa redonda "Papo de Empreendedora", em que empresárias de sucesso na cidade compartilharam suas experiências.
Além de diretoras da Aciara e da professora Rafaela Kalil, do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (Itpac), que palestrou sobre o Empreendedorismo Rosa, estiveram presentes a secretária municipal do Trabalho, Fernanda Ribeiro, e equipe do CGR e Programa de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho).

Tirou do lixo a máquina de costura
Maria Zilma Brandão Leite, 56 anos, vendeu bolo na rua para formar uma filha em matemática. Há cerca de cinco anos, recolheu uma máquina de costura do lixo e começou a fazer tapetes de retalho para vender aos vizinhos. Com o mínimo da aposentadoria e prestações da casa própria para pagar, procurou uma saída para melhorar a renda. Após o curso de tapetes, ela conquistou clientela com pedidos de encomendas.
"Hoje, meus tapetes já me ajudam quando me faltam as coisas, como carne, café e arroz", expõe. Maria também considera o empreendedorismo importante para a independência da mulher. "A gente tendo dinheiro não tem aquele negócio: 'Marido, me dê R$ 20'. E ele logo pergunta: 'Para o quê?'. Quando a gente tem o nosso, nos sentimos mais fortes. Estou gastando é o meu".

Trabalhou até o último dia de gestação
Outra homenageada da noite, Juliana Costa, 22 anos, aprendeu a fazer artesanato de biscuit para distribuir lembrancinhas em um encontro religioso e não parou mais. Além do curso de aperfeiçoamento, ela também já participou da Feira do Trabalho, realizada trimestralmente pela Prefeitura de Araguaína.
"As feiras ajudaram muito. A gente tem tido bastante clientes devido a ela. A nossa renda tem sido cada vez melhor. A qualificação e construção do meu ateliê também foram as principais mudanças". Hoje, o ateliê é um negócio de família. Juliana divide os cuidados do filho com o marido, e trabalham juntos, ela produzindo e ele entregando.
"Empreender é coisa de mulher porque nós somos guerreiras, somos fortes. Mostra que estamos vencendo nossos obstáculos. Nem na minha gravidez eu deixei de fazer meu artesanato. Trabalhei até um dia antes de ter meu filho e com 15 dias de resguardo já votei a trabalhar. A renda que minha família tem hoje vem desse trabalho".

De aluna a instrutora
Força também mostrada por Wânia Ramos, 53 anos, que chegou em Araguaína sem renda, viúva e com quatro filhos. Com o pouco que os pais aposentados podiam ajudar e o artesanato que já conhecia tirou a renda para alimentar os filhos. Após o curso de tapetes, passou de aluna a instrutora. Para ela, o trabalho que realiza vai mais além.
"O artesanato é importante para mim porque eu era uma pessoa infrutífera. Por meio do artesanato me descobri. Comecei a investir em mim, comprar roupas. Hoje, estou transmitindo aquilo que aprendi para minhas alunas, que elas podem se realizar e se sentirem úteis na sociedade. A mulher não foi feita simplesmente para ser cozinheira e faxinar. Foi feita para brilhar".