*Por Cintia Simão

Iniciar a vida escolar representa um momento de ingresso para o novo, para descobertas do mundo e de si mesmo. A escola é um dos primeiros contatos para a convivência em sociedade. Ela é o ambiente de estímulo ao aprendizado na perspectiva das dimensões ética, estética e política, explorando e desenvolvendo a convivência por meio das brincadeiras e da expressão da própria identidade, que está em processo de construção. Ao se tornarem alunos, as crianças desenvolvem valores que não são delimitados com pontos de chegada, mas sim, tendo em vista o ponto de partida e o quanto avançam a partir dele, desenvolvendo diferentes competências.
A experiência escolar começa com a união de várias histórias individuais formando um coletivo que é característica essencial da escola. As crianças passam a conviver em situações intencionalmente planejadas com o outro, passam a se reconhecer e juntas desenvolvem uma trajetória de indagação e questionamento para a descoberta das coisas. Nessa relação, cada um conhece também um pouco mais sobre si mesmo. O corpo se torna um instrumento de brincadeiras, fazendo parte do aprendizado através dos movimentos, das expressões, ou seja, do conhecimento das diversas formas de se comunicar. A sensibilidade, a admiração, a imaginação e a criatividade também são potências das crianças pequenas exploradas na educação infantil, colaborando na formação da identidade, da individualidade, marcando seus percursos no dia a dia escolar.
As formas de se relacionar com o próximo, de construir os conteúdos e desenvolver a imaginação, mostram o crescimento individual, permitindo a avaliação do progresso no aprendizado. Dessa forma, quando a atividade é bem realizada, a criança consegue se expressar, falando o que aprendeu através do seu próprio modo de pensar. O exercício do pensamento se torna corriqueiro e se fortalece a cada ano da educação infantil.
O papel do professor nesse trajeto é de extrema importância, sendo ele o mediador entre a descoberta do novo e o aprendizado de cada um. Está sob sua responsabilidade desvendar, interpretar e retratar as dúvidas dos alunos, apresentando as informações e os saberes socialmente construídos mais do que fornecendo respostas de maneira que incentive o questionamento, a curiosidade, a imaginação. Esse exercício estimula a compreensão e a autoconfiança das crianças para que elas possam desenvolver novos saberes e, com o passar do tempo, responder aos próprios questionamentos. O adulto é o guia das experiências e convida a criança para novas problematizações que abrem os caminhos para aprender mais e mais no dia a dia. Dessa forma, com o alimento dado ao pensamento, o incentivo à criatividade e, principalmente, a variedade das formas de expressão, as crianças passam a se desenvolver com rigores que devem ser mantidos no decorrer da vida escolar e com a vivacidade que tem a curiosidade mais genuína.