O Movimento Estadual de Direitos Humanos (MEDH) divulgou nota em solidariedade aos familiares dos seis jovens recentemente assassinados em Gurupi.
Ainda conforme a nota, o MEDH denuncia o Estado como “um dos principais responsáveis pela violência policial e a tortura”.
As seis pessoas assassinadas foram Cláudio Roberto Pereira Silva, 27 anos, Daniel Alves Batista, 18 anos, Genildo Miranda da Silva, 22 anos, Reginaldo Alves Miranda, 34 anos, Walison de Oliveira Gomes, 18 anos, e Ana Paula Lima, 21 anos. As vítimas morreram com tiros na cabeça.
No dia 19 de outubro, uma emissora de TV local divulgou que a Corregedoria da Polícia Militar do Tocantins (PM) investiga o suposto envolvimento de militares nas seis mortes.
Nessa quinta-feira, 1º, depois de quase nove horas de depoimentos no Ministério Público de Gurupi, nenhum dos policiais militares, supostamente envolvido, foi afastado das funções. Eles cumprem expediente interno no 4º Batalhão da Polícia Militar (PM).
As oitivas fizeram parte das investigações sobre os assassinatos de seis pessoas, em Gurupi, ocorrido em setembro.

Possível testemunha
No dia 28 de outubro, por volta das 21h30, uma jovem, de 19 anos, que não teve o nome divulgado, e que pode ser uma possível testemunha dos assassinatos sofreu uma tentativa de homicídio.
Segundo informações, ela caminhava por uma das ruas daquele município quando um motoqueiro a fechou e desferiu uma facada em suas costas.
A jovem passou por cirurgia no Hospital Geral de Palmas (HGP) e enquanto permaneceu internada naquela casa de saúde, estava com escolta permanente do Grupo de Operações Especiais (Gote) e sob custódia por ser uma possível testemunha chave para esclarecer os homicídios.
Ainda segundo a nota do Movimento Estadual de Direitos Humanos, após matérias serem veiculadas na mídia do Estado sobre o suposto envolvimento de policiais militares nos assassinatos, o MEDH solicita das instituições públicas competentes devida apuração dos fatos.

“Nota de repúdio sobre execuções de jovens em Gurupi

O Movimento Estadual de Direitos Humanos (MEDH), associação civil sem fins lucrativos, e a rede estadual de combate a tortura do Tocantins e outras entidades de direitos humanos veem manifestar solidariedade aos familiares e amigos dos jovens recentemente assassinados, de forma brutal, no município de Gurupi (TO), e uma vez que foi veiculado em mídia o suposto envolvimento da Polícia Militar do Estado, vem requerer a devida apuração dos fatos por parte das instituições públicas competentes.
No mês anterior, diversas matérias foram publicadas noticiando a morte de seis jovens, no período de uma semana, com tiros na cabeça, a indicar execução e a existência de um grupo de extermínio que, entre outras hipóteses, pode estar ligado às instituições públicas.
É importante ressaltar que a vida é o mais fundamental direito que possui o ser humano, devendo qualquer atentado a este direito ser investigado com rigor, sem deixar de considerar nenhuma hipótese, nem mesmo a participação de grupos de alguma forma ligados às instituições públicas.
Desta forma, vem a público denunciar o Estado como um dos principais responsáveis pela violência policial e a tortura, e reiterar nosso apoio às ações que visam combater a violência, a tortura e o crime organizado, defender os meios de criação de políticas de segurança pública, para que a população não sofra arbitrariedades e não haja condenações, sem o devido processo legal, em especial da população carcerária, negros, indígenas, mulheres, crianças e de adolescentes, público LGBT, deficientes, idosos, deficientes e as classes menos favorecidas.

Palmas, 6 de novembro de 2012.