O prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (sem partido), avaliou que a participação dele e empresários da cidade na Feira de Importação e Exportação da China (Canton Fair), o maior evento de negócios do país, trará boas oportunidades comerciais e de conhecimentos. A feira começa na segunda-feira, 15, e segue até o dia 19. De São Paulo, enquanto aguardava o voo para Dubai, de onde seguirá para a China, Dimas participou do quadro "Entrevista a Distância".
Ele explicou que resolveu aproveitar uma missão empresarial organizada pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg). Um grupo de empresários de Araguaína decidiu participar e o convidou a compor a comitiva. "Aí passei a contatar outros empresários da nossa cidade, e alguns se interessaram muito", contou.
Dimas defendeu que o Estado precisa ter uma política de incentivos mais firmes e revelou ter conversado sobre isso com o governador Mauro Carlesse (PHS). "Disse a ele: 'tem que rever incentivos na hora da saída de matéria-prima'. Nós precisamos incentivar quem a beneficia aqui", avaliou.
Para o prefeito, essa política tributária, portanto, tem que ser voltada para o fortalecimento do setor industrial para que o Estado beneficie sua produção, casos da soja, madeira e gado. "E isso está muito ligado à política de desenvolvimento do Estado", lembrou.
Logística diferenciada
O prefeito explicou que Araguaína sempre teve uma posição estratégica muito interessante, com sua logística diferenciada. "Araguaína não compete no Estado, com Palmas, mas principalmente com Imperatriz, Marabá, Balsas, Parauapebas, um mercado atingido a partir de Araguaína com uma distância média de 250 quilômetros, e são mais de 2,5 milhões de consumidores, maior do que o número de consumidores do próprio Tocantins" ressaltou.
Assim, avaliou Dimas, a logística diferenciada, com a possibilidade de atender todo esse mercado a partir de uma distância relativamente curta, garante uma vantagem competitiva muito grande para Araguaína. "Tanto é que a gente começa a receber os grandes distribuidores do agro, de peças, de implementos, a cada dia chegando mais", ilustrou.
O prefeito lembra que quando assumiu o comando do município a auto-estima do araguainense estava muito baixa. "A cidade numa situação difícil, problema de toda ordem, e hoje não, a população gosta de morar em Araguaína, sente-se satisfeita quando recebe seus parentes e amigos, fala com orgulho do que a cidade hoje oferece", afirmou. E isso, defendeu Dimas, é fundamental para o cidadão permanecer e investir na cidade.
"Eu não teria nada para mostrar numa viagem dessas [para China] seis anos atrás. Hoje é diferente. A gente já vai com um pacote de informações do que a cidade oferece e do que a região também oferece em relação a negócios", disse.
Desenvolvimento regional
Dimas disse que uma questão importante que começa preocupá-lo é o desenvolvimento regional de Araguaína. "Como Palmas tem as cidades do entorno, nós também temos as cidades do entorno. O Estado deixou muito Araguaína de lado, pensou demais em Palmas, fez muitos investimentos e esqueceu não somente Araguaína, mas todo o interior" criticou.
O resultado disso, avaliou, é a distorção da qualidade de vida de Palmas em relação ao restante do Tocantins. "Diminuiu um pouquinho [a distorção] em Araguaína agora, em Gurupi também, a gente vê Laurez [Moreira, PSDB] com uma gestão mudando bastante a qualidade de vida da cidade", pontuou.
Porém, Dimas sustentou que esse ganho de qualidade de vida precisa ocorrer também em outras cidades. "Paraíso, Porto Nacional, Miracema, elas precisam do mesmo olhar carinhoso do Estado, assim como Araguaína precisa ter esse olhar carinhoso com as cidades vizinhas", disse.
Para o prefeito, a bancada federal pode contribuir para isso, com emendas impositivas de bancada para consórcios municipais. "Imagine o que é para dez municípios receber uma emenda de R$ 30 milhões para ser compartilhada entre eles através de um consórcio. Praticamente arruma todas as cidades da região", afirmou. "Quando a gente pensa que isso pode ser replicado pelo Estado, não é tanto dinheiro assim para dar um diferencial às nossas pequenas cidades."
Incentivos a voos
O prefeito se disse crítico da forma como foi aprovado o incentivo fiscal para empresas áreas que atuam no Tocantins. "Não tinha porque o governo do Estado conceder abatimento de tributos para quem já operava aqui. Ninguém ia sair, e o imposto [ICMS] saiu, do dia para a noite, de 15% para 7%, sem nenhum tipo de contrapartida", avaliou.
Para ele, o governo fez "uma escada altamente prejudicial". "Por quê? Primeiro, deram 7% para quem já está [operando], sem fazer nada teve uma redução de mais de 50% do tributo. Depois 5% se abrir novos voos, não interessa o local. É o que está acontecendo em Palmas, a Azul está abrindo um voo para o Nordeste, ótimo. Aí vem o próximo degrau: se abrir um voo para qualquer cidade do interior passa para 3%, um ganho insignificante", sustentou.
Dimas questiona qual empresa por dois pontos percentuais a menos vai montar uma estrutura de solo em Araguaína ou em Gurupi. "Então, infelizmente foi uma ação equivocada do governo do Estado", concluiu. Segundo ele, a lei de incentivo aprovada "basicamente privilegiou as empresas que operam na Capital". "Eu não vejo a possibilidade [de beneficiar o interior], a não ser que haja uma mudança clara, ou o governador tenha feito um compromisso muito claro com essas empresas de abrir novas linhas para o interior. A lei, por si só, não vai ajudar em quase nada os municípios. Ajudou muito as empresas, mas levar para o interior as empresas aéreas… Infelizmente continua a nossa briga", lamentou.
Comentários