Ex-governador deputado Carlos Gaguim e deputada Dulce Miranda, esposa do governador Marcelo Miranda

Com a delação premiada do empreiteiro Rossine Ayres Guimarães, a Operação Ápia chegou à 6ª fase, nessa quarta-feira, 13. A Polícia Federal (PF) e a Procuradoria Geral da República (PGR) cumpriram 16 mandados de busca e apreensão e oito de intimação em Palmas, Araguaína e em Brasília. Entre os alvos estão os deputados federais Carlos Henrique Gaguim (Podemos), ex-governador do Tocantins; e Dulce Miranda (PMDB), primeira-dama do Estado.
Além dos congressistas, alvos de busca e apreensão em seus gabinetes da Câmara Federal, a Polícia Federal cumpriu mandados de intimação contra o ex-deputado estadual Igue do Vale, que coordenou a campanha de governador de Carlos Gaguim em 2010; o ex-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Tocantins (Faet) Júnior Marzola (DEM), que também apoiou o deputado federal na eleição de 2010; e Benedito Neto de Faria, o Dito do Posto.
Em nota, a Polícia Federal afirmou que nesta 6ª fase da Operação Ápia apura-se os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro decorrentes de pagamentos de propinas realizados pela Construtora Rio Tocantins (CRT), empresa de propriedade Rossine Ayres Guimarães, a integrantes do núcleo político, grupo que era responsável por garantir as contratações e o recebimento de verbas públicas indevidas por parte dos empresários corruptores.
Esta fase já é a primeira ação concreta que tem como base a delação premiada de Rossine, que em junho último falou por 14 horas, em dois dias, com os procuradores. O empresário sempre foi um dos grandes "mecenas" da política estadual e esteve no centro das denúncias envolvendo o bicheiro Carlinhos Cacheira, em 2012.
Depois apareceu na Operação Ápia, que investiga esquema que fraudava licitações públicas e execução de contratos celebrados para a terraplanagem e pavimentação asfáltica em diversas rodovias estaduais. Com problemas de saúde, ficou em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Ainda em outubro do ano passado, uma filha, sócio e funcionários do empreiteiro também foram alvos da Ápia. Alguns chegaram a ter a prisão preventiva decretada, mas não ficaram presos.
Rossine também foi alvo da Operação Reis do Gado, que investigou um esquema de fraudes em contratos de licitações públicas.

Para entender a Operação Ápia
A Operação Ápia foi deflagrada em outubro de 2016 pela Superintendência Regional da Polícia Federal em Tocantins para desarticular uma organização criminosa que teria atuado no Estado corrompendo servidores públicos, agentes políticos, fraudando licitações públicas e a execução de contratos administrativos celebrados para a terraplanagem e pavimentação asfáltica em rodovias estaduais. Segundo a corporação, os valores superaram a cifra de R$ 850 milhões.
As obras foram custeadas por recursos públicos adquiridos pelo Estado por meio de empréstimos bancários internacionais e com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tendo o Banco do Brasil como intermediário dos financiamentos no valor total de R$ 1.203.367.668,70. Os recursos tiveram a União como fiadora da dívida contraída e foram batizados pelo Executivo como programas Proinveste e Proestado.
Conforme a Polícia Federal, a investigação apontou para um esquema de direcionamento das contratações públicas mediante pagamento de propina de empresários que se beneficiavam com recebimentos por serviços não executados. O núcleo político da associação criminosa era responsável por garantir as contratações e o recebimento de verbas públicas indevidas por parte dos empreiteiros.