Claudean: “Ninguém trabalha em dois locais para se divertir, é uma necessidade”

PALMAS - Após receber denúncia de que profissionais da área de enfermagem estariam acumulando até três ou quatro empregos no Tocantins, em uma sobrecarga de trabalho que pode levá-los a cometer erros nos cuidados com os pacientes, a promotora de Justiça Maria Roseli de Almeida Pery encaminhou ofício ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren) solicitando que sejam adotadas medidas de natureza ética quanto aos profissionais que mantenham jornada de trabalho incompatível com a necessária qualidade dos serviços. A finalidade, conforme Maria Roseli, é garantir a segurança dos pacientes.
Para que possa identificar os profissionais em situação irregular, a 27ª Promotoria de Justiça da Capital pede que o Conselho Regional de Enfermagem providencie o cruzamento de listas com a relação de profissionais que atuam na rede pública de saúde (Estado e municípios) e nas unidades privadas de saúde do Tocantins.
O ofício foi encaminhado pela representante do Ministério Público Estadual do Tocantins (MPE/TO) ao presidente da junta governativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) junto ao Conselho Regional de Enfermagem.

Necessidade
À imprensa, nessa segunda-feira, 18, o presidente do Sindicato dos Profissionais da Enfermagem no Estado do Tocantins (Seet), Claudean Pereira Lima, confirmou que alguns profissionais da enfermagem trabalham em dois empregos, mas conforme o representante da categoria, esses enfermeiros enfrentam a sobrecarga por necessidade.
“Eu tenho certeza que ninguém trabalha em dois locais para se divertir, é uma necessidade. Eles fazem isso para se manter, sobreviver, porque o salário é uma miséria. Mas em três, quatro locais eu desconheço, é incompatível, a pessoa não vai conseguir”, avaliou.
Claudean admite que a sobrecarga de trabalho prejudica a qualidade de atendimento aos pacientes. “Certamente prejudica. Até porque existem estudos que mostram, que comprovam isso”, apontou.
Para o presidente do Seet, a solução seria melhorias nas condições de trabalho e salário. “O governo do Estado coloca os profissionais para atender a sociedade em condições sub-humanas, péssimas, que chegam até a ser criminosas. Falta alimentação, repouso, equipamento de proteção individual e medicamentos. O Ministério Público também tem que estar atento quanto a isso, provocar o governo. Porque se as condições de trabalho e salariais fossem boas a gente não precisava trabalhar em dois lugares”, concluiu.