(Itumbiara-GO) - O delegado de Itumbiara (GO), Ricardo Chueire, que investiga o caso do avião apreendido em Pircanjuba (GO), revelou nesta terça-feira, 23, que considera “fantasiosa” a versão dada pelos suspeitos de que seriam resultado de um empréstimo em Brasília os R$ 1,5 milhão obtidos por um dos presos na operação do Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc), Douglas Marcelo Alencar Schimitt, considerado pela Polícia o líder do grupo. O responsável pelo caso ainda adiantou que vai pedir quebra de sigilo bancário dos acusados, autuados por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crime contra a ordem financeira.
Ricardo Chueire argumentou que a quebra de sigilo bancário é necessária porque qualquer documento que informe o suposto empréstimo “não prova nada”. “Papel aceita tudo, podem montar um contrato de empréstimo”, disse o delgado, que ainda explicou: “O dinheiro frequentou o sistema bancário, que é o motivo da encrenca. O sistema bancário tem sigilo. Eu preciso de uma quebra judicial para o juiz notificar o sistema bancário. É o único meio hábil”, explicou.
Em relação ao depoimento de Douglas Schimitt, que alegou que o dinheiro apreendido no avião seria de um empréstimo de uma factoring, Ricardo Chueire avaliou como uma versão “um tanto fantasiosa”. “Até porque, primeiro eles confessaram, colocaram uma situação, e depois, já orientados pelos advogados, já colocaram outra”, argumentou.
A advogada Natália Spadoni, que defende os acusados, disse nessa segunda-feira, 22, que os envolvidos no caso não mudaram o depoimento, conforme afirma o delegado. “Até agora não teve mudança nenhuma”, afirmou. Contudo, Chueire disse em nota na sexta-feira, 19, que na Delegacia de Pirancanjuba, “todos, menos o piloto, confessaram aos policiais que aquele dinheiro se destinava a custear despesas de campanha do candidato Marcelo Miranda ao governo de Tocantins, porém, ao terem o direito de acesso a advogado, mudaram a versão e passaram a afirmar que seria fruto de um empréstimo tomado por Douglas em Brasília e que a conta do piracanjubense Lucas teria sido emprestada para isso, ou seja, receber o dinheiro”.
Em seu depoimento, Douglas contou à Polícia de Piracanjuba que tomou o empréstimo de R$ 1,5 milhão numa factoring de Brasília, chamada Mais 2. Ele disse ter recebido da empresa “aproximadamente dez cheques de R$ 100 mil e de aproximadamente dois cheques de R$ 200 mil”, que foram depositados na conta poupança de Lucas Marinho Araújo, na Caixa Econômica Federal.
Foram presos na operação Douglas Marcelo Alencar Shimtt, de 39 anos, considerado pela Polícia como o “chefe da associação criminosa”; Lucas Marinho Araujo, de 22 anos, apontado como “laranja que cedeu a conta em Piracanjuba”, o piloto Roberto Carlos Maya Barbosa, 46 anos, e o motorista Marco Antonio Jayme Roriz, 46. Eles foram soltos na noite domingo, 21, após pagar fiança.
Processo em sigilo
O procurador regional eleitoral Álvaro Manzano confirmou nesta terça-feira, 23, que recebeu os documentos da investigação realizada pela Polícia Civil de Goiás, em relação ao avião apreendido em Pircanjuba com R$ 500 mil e panfletos dos ex-governadores Carlos Gaguim (PMDB), candidato a deputado federal; e Marcelo Miranda (PMDB), postulante ao Palácio Araguaia. Manzano afirmou que o processo está em sigilo e que só irá se manifestar sobre o caso após finalizar a investigação.
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