(PALMAS-TO) - Os 15 anos de controle sanitário da febre aftosa em território tocantinense têm resultado em condição privilegiada para que a carne produzida no Estado continue sendo produto de frente de sua pauta de exportações. Apesar de ocupar o atual 2º lugar nas vendas ao exterior, o produto vinha em declínio até o ano passado, quando a atividade começou a ser reestruturada.
Conforme a Secretaria de Comunicação Social do Estado (Secom), o outro fator que tem contribuído para o êxito no setor, conforme a Secretaria da Agricultura, Pecuária e do Desenvolvimento Agrário (Seagro), são as políticas públicas de incentivos em obras e melhorias estruturantes que, nos dois casos, a pasta avalia que têm que continuar sendo encaradas com “bastante seriedade pelos agentes envolvidos”.
Neste aspecto, o coordenador de Sustentabilidade do Agronegócio da Seagro, Corombert Leão, diz ser fundamental o papel do Estado em garantir condições eficientes à cadeia produtiva da carne por meio de estradas, energia elétrica, serviço de telecomunicações, incentivos ao produtor e ao parque industrial da área.
Leão destaca ser este o outro lado que vem fazendo com que o circuito da carne tocantinense atenda à demanda em potencial do mercado externo. Não apenas de carne bovina, mas com perspectiva de que com tal empenho o Estado possa vir a suprir a demanda de carne suína, de aves e das demais commodities agrícolas, ressalva o coordenador.
Corombert, como também Osvaldo Stival, um dos produtores e empresários mais importantes do ramo de frigoríficos do Tocantins e que ano passado esteve na missão tocantinense liderada pelo governador Siqueira Campos a países asiáticos, afirmam que foi dado um passo importante nessa direção. E acrescentam que “tudo tem que estar estruturado para que os elos da produção, desde o produtor e todos os demais segmentos envolvidos, não falhem e possam ter meios de produzir com condições”, avaliam.
Eles mencionam que no caso do Japão foi firmada a necessidade de parcerias com empresa japonesas, inclusive na formação de joint-ventures no Tocantins. Destaque-se que Japão, Tawain e Coréia do Sul, por algumas restrições, ainda não importam carne in natura do Estado, e que, a partir do momento de aparadas tais arestas, veem como mais uma fronteira ampliada na exportação da carne tocantinense.
O superintendente Federal de Agricultura no Tocantins, Jalbas Manduca, embora afirme que a produção de carne interna tenha crescido pouco mais de 2% em 2011, em relação a 2010, devido à redução da matéria-prima, houve aumento de 7,3% nas exportações no mesmo período para vários países. Para ele, esse é o indicativo de que o Tocantins tem que se preparar para atender à demanda, seja da comunidade européia, dos países asiáticos e Oriente Médio.
Jalbas e Corombert convergem ainda no aspecto de que as Boas Práticas Agropecuárias que estão contribuindo para que o Estado comemore 15 anos de controle sanitário da febre aftosa habilitando o trânsito livre para exportação da carne produzida aqui, não seja motivo de acomodação. “Ao contrário, há que se aperfeiçoar essas boas práticas a cada momento, por parte dos agentes públicos e produtores, pois um só foco da doença pode se ter o descredenciamento não apenas do Tocantins, como de todo o circuito Centro-Oeste”, alerta o representante do Mapa no Tocantins.
Ele fala ainda do programa ABC, do Governo federal, que no Estado visa dar suporte ao produtor incentivando, ao mesmo tempo, a recuperação de pastagens e a preservação ambiental, no sequestro de carbono e na produção, contando para essa parceria com a Embrapa, Superintendência Federal da Agrilcultura, Delegacia da Agricultura no Tocantins e Secretaria da Agricultura da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário do Tocantins.

Exportações
De acordo com o Ministério da Agricultura da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário (Mapa), por meio da Superintendência Federal da Agricultura no Tocantins, o Estado obteve em 2011 R$ 196 milhões em carne in natura (20 mil toneladas sem osso), cerca de 7,3% a mais dos R$ 192,5 milhões de 2010 (18,640 mil toneladas), quando o aumento fora de pouco mais 2% relativo ao ano anterior, de 2009.
A Rússia é o principal parceiro nas importações de carne bovina do Tocantins com 5,8 toneladas; Hong Kong com 3,7 mil t; Egito 3,1 mil t; Irã 3 mil t; Venezuela 2,1 mil t e Argélia com 1,8 mil t.