Atualmente, 256 produtores estão em fase de elaboração de projetos para financiamento de suas produções

Produto que já foi foco de grande produção nos anos de 1940 e 1950, a borracha é hoje parte da cota de importação brasileira. Contudo o Tocantins, com incentivo do Governo do Estado vem implementando a produção de seringueira, conhecida como heveicultura e colocando os produtores tocantinenses na pauta de produção local de látex para o mercado interno no Brasil. Além de fonte importante de renda para pequenos produtores, os seringais são uma forma de produção que não agridem ao meio ambiente e melhora o microclima na região onde são cultivados.
Desde 2011, o Governo do Estado disponibiliza uma linha de crédito especial para heveicultores, conhecido como Pronaf Eco-Seringueira. Através de parceria com instituições financeiras, os proprietários de seringais tem acesso a financiamentos de até R$ 80 mil com taxa de 1% ao ano, o que beneficia os pequenos produtores e os membros da agricultura familiar. "Hoje o Tocantins tem cerca de 42 mil famílias na agricultura familiar que precisam de incentivos para produzirem, de uma ação do Governo", destacou o diretor de Agroenergia da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, Luís Eduardo Borges Leal.
Além disso, foram criados polos de produção de seringueira com capacitação de mão de obra e atividades que incentivam o cultivo das árvores e a produção do látex em estado bruto. "Foram criados os três polos de produção para termos algo mais focado, para não termos uma produção espalhada em todo o Estado", completou o diretor da Seagro. Segundo Luís Eduardo, os polos são concentrados na região do Cantão (Sudoeste do Estado), Polo Sul (região de Palmeirópolis) e Polo meio norte (Região de Santa Fé do Araguaia).
Nas regiões dos polos produtivos são realizadas ações focais visando o fomento da produção de seringueiras, como seminários, dias de campo e reuniões periódicas com prefeituras e produtores locais. Nesta semana foi realizado um encontro com produtores dos municípios de Sandolândia e Araguaçu, quando foi discutida a viabilidade do plantio de seringueira na região. "Ao todo já realizamos 25 reuniões nas 34 cidades atendidas pelos polos e produção, além de seminários e dias de campo que beneficiaram mais de 2,5 mil produtores", disse o diretor.
Outro benefício que o Governo concede aos pequenos heveicultores do Estado é a isenção de licenciamento ambiental para o cultivo das seringueiras em áreas degradadas. "O decreto de desburocratização permite o plantio de seringueiras em áreas degradadas sem licenciamento ambiental", completou. Com esses benefícios, a produção de seringueiras no Tocantins deu um salto nos últimos anos, saindo de cerca de 1.800 ha em 2012 para mais de 3 mil ha neste ano, um acréscimo de 62%, segundo a Seagro.

Capacitação e geração de renda
Para ter acesso à linha de crédito do Pronaf Eco-Seringueira, os produtores precisam elaborar um projeto de produção e apresentar, juntamente com a proposta à instituição financeira. Atualmente, conforme Luís Eduardo Borges Leal, 256 produtores estão em fase de elaboração de projetos para financiamento de suas produções.
Além disso, estão sendo realizadas duas grandes capacitações com a participação de cerca de 80 trabalhadores que irão atuar na "sangria" (colheita) dos seringais. Esta atividade, segundo o diretor da Seagro, garante uma renda extra no período de coleta do látex bruto das seringueiras. "Um trabalhador cobre cerca de 6 hectares. Uma família consegue tirar, com a atividade, uma média de R$ 2.500 por mês", completou.

Aspectos positivos
Dentre as vantagens na produção de seringueiras no Estado, estão, segundo a Seagro, o alto índice de empregabilidade nos seringais, a possibilidade de integrar culturas de curto prazo nos primeiros anos de cultivo das árvores, recuperação de solo degradado, sequestro de carbono, além da criação de um microclima favorável.