Novamente candidato a governador Carlos Amastha (PSB) recebeu à imprensa na tarde desta terça-feira, 7, para anunciar que refluiu da decisão de desistir da disputa pelo Palácio Araguaia. O ex-prefeito de Palmas insistiu que o motivo momentâneo do desânimo realmente foi o desembarque do PCdoB e PTB do projeto, porém, foi duro ao comentar a nota dos ex-aliados comunistas que ligaram a aliança do grupo do pessebista a uma “engenharia eleitoral de manutenção no poder da família Miranda”.
Ao ser questionado sobre a nota do PCdoB do Tocantins, Amastha lamentou a manifestação de uma sigla que teve “tanto acolhimento e carinho”, mas foi duro ao falar sobre a manifestação. “Acha que merece comentário? Deveriam estar envergonhados e de boca fechada”, disse. Insatisfeitos com a formação de um “chapão” para a disputa por cadeiras na Assembleia Legislativa, os comunistas deixaram a campanha do pessebista e anunciaram aliança com Márlon Reis (Rede).
Em pronunciamento, Carlos Amastha garantiu que fez “o possível e o impossível” para manter o PCdoB e PTB – que também fechou com Márlon Reis – no projeto. “Infelizmente foram embora”, comentou o candidato, que admitiu à imprensa ter sido um erro o anúncio da desistência. “É humano. Eu realmente fiquei muito magoado, triste, com o desembarque de companheiros que eu achava que iriam junto com a gente até o final de toda jornada. Isto realmente foi um golpe muito forte. A gente erra. Já pedi desculpa, perdão, aos companheiros”, revelou.
Amastha disse ver pouca influência negativa da desistência e da retomada à candidatura. “Em um primeiro momento gerou uma instabilidade, por outro lado foi muito positivo. Recebi centenas de mensagens na rua, pessoas na portaria do prédio, no restaurante me falando: ‘Amastha não faça isso’. Isso me chamou a uma reflexão”, revelou. Apesar disto, o ex-prefeito nega que o episódio tenha sido uma jogada de marketing e diz que a mudança de decisão acontece por causa do Estado e dos companheiros.
“Todo mundo sabe que falei sério, e volto justamente por causa do Tocantins e destes companheiros. A nobreza dos senadores Vicentinho [Alves] e Ataídes [Oliveira] de me procurar, de não procurar nenhum nome para substituir, mas re-ratificar que o projeto obrigatoriamente passava por Amastha e [Oswaldo] Stival me fez repensar, e bola para frente”. “O sentimento é muito forte e o Tocantins precisa da gente. Nós não vamos desistir”, garantiu em outro momento.
Nova política é atitude
O questionamento sobre a aliança com a chamada “velha política” voltou a aparecer, e desta vez Amastha disse não considerar “ninguém” dos candidatos aliados como pertencentes a este grupo, nem mesmo Vicentinho Alves (PR), com 30 anos de vida pública. “A gente tinha uma disputa por causa dos recursos para Palmas. Depois da eleição suplementar passei a ser fã número um do senador e das suas atitudes. Tem meu voto, tem meu apoio”, argumentou.
Amastha foi lembrado de que tinha colocado Vicentinho Alves no grupo da velha política ainda na eleição suplementar de junho, mas desconversou. “Insisto, era um adversário. Agora, nunca denegri a honestidade dele. A nova política é atitude, não é pessoas. Aqui não tem ninguém que nasceu ontem. Somos todos orgulhosamente políticos, e todos com uma nova atitude perante à política”, afirmou.
O candidato ainda aproveitou para exaltar a capilaridade do grupo. “Nunca aconteceu uma união de forças tão poderosa sem discutir um espaço na administração. Estamos falando de um projeto político que vai levar a um projeto de gestão”, disse Amastha, admitindo futuras indicações políticas, caso eleito, mas levando consideração “critérios técnicos”.
Compreensão
Do lado dos senadores candidatos à reeleição, o discurso foi de compreensão, garantindo não haver mágoa quanto ao episódio. Ataídes Oliveira (PSDB) ponderou que a fase da formação de coligações é uma das mais difíceis e não viu com surpresa a saída do PCdoB e PTB. “São vários interesses políticos que dificulta a formação de um grande grupo. É normal que isto aconteça”, disse o tucano, destacando a “decepção” de Amastha com “grandes amigos de longa data”.
Ataídes Oliveira revelou intensas conversas com o ex-prefeito para refluir da decisão da desistência. “Conversamos bastante. De ontem para cá somamos mais de 20 horas de conversa. Mas não foi difícil convencê-lo. Com pouca prosa, ele refluiu e está junto com a gente”, garantiu. O senador ainda disse acreditar que PCdoB e PTB voltarão a procurar Amastha.
Vicentinho Alves fez coro ao colega de Senado e negou qualquer mágoa. “Isso é normal. A gente é movido também por sentimento. Ele sentiu. Pessoas dele, do convívio dele, do dia a dia, saíram atirando de forma ingrata”, revelou o republicano, que completou: “Com a conversa de todos nós, ele [Amastha] entendeu que nosso projeto está muito acima disto aí”
MDB e PSC
Diferentemente do apoio silencioso do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) na convenção pessebista, o anúncio do retorno à candidatura ao governo após desistência foi acompanhada pelos deputados estaduais Jorge Frederico (MDB), Valdemar Júnior (MDB) e Nilton Franco (MDB). Todos citados e cumprimentados por Carlos Amastha.
Se o chapão afastou PCdoB e PTB, o Partido Social Cristão (PSC) foi atraído. O deputado estadual e pré-candidato a federal Osires Damaso (PSC) confirmou apoio à candidatura do ex-prefeito. O ingresso do partido ao projeto foi citado por Amastha como “a cereja do bolo”.
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