III Fórum Estadual Sobre Violência Sexual se encerrou com resultado positivo para vítimas

Após três dias de debates, discussão e trocas de experiências, o III Fórum Estadual Sobre Violência Sexual foi encerrado na sexta-feira, 25, com um resultado positivo para as vítimas que em breve não passarão mais pelo processo de "peregrinação e revitimização" ao registrar uma agressão. Com o lançamento da Portaria Intersecretarial nº 06 de 22 de novembro de 2016, entre as Secretarias de Estado da Saúde e Segurança Pública e a criação da cadeia de custódia, em breve, a profilaxia da vítima, o Boletim de Ocorrência e a coleta de vestígios, por meio de exames, serão realizados em conjunto no hospital.
Segundo a coordenadora do Serviço de Atenção Especializada às Crianças em Situação de Violência - Projeto Recriar (Savi) do Hospital Infantil de Palmas, Rosivânia Tosta, o evento deve ser comemorado. "Estamos felizes porque o objetivo do fórum foi alcançado com a aproximação, integração, aperfeiçoamento e qualificação da rede de atendimento à pessoa em situação de violência principalmente a sexual. O público que veio foi diversificado que atende as questões de saúde, educação, segurança e assistência social. Todos muito envolvidos e participativos. Posso dizer que tivemos uma especialização, pelas palestras que assistimos, com pessoas altamente qualificadas no assunto, de forma que produzimos um aprendizado muito focado e coerente com a nossa necessidade e realidade", afirmou.
Rosivânia destacou ainda que "o principal é o desdobramento do evento, já saímos daqui com reuniões marcadas para operacionalizar a efetivação da portaria da Segurança Pública com a Saúde, para atendermos este novo fluxo, com capacitações específicas para atender este fim, por exemplo, os médicos agora serão peritos in-doc", destacou, acrescentando que acredita que até o início de 2017, as novas formas de atendimento às vítimas já estarão funcionando.
Para a coordenadora do Serviço de Atenção Especializado às Pessoas em situação de Violências - Projeto Margarida (Savis), no Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR), Zelma Moreira, além das discussões sobre o atendimento e divulgar a rede "que por si já é um avanço", a sociedade ganhou uma portaria, "que traz para nós um grande passo com a criação da cadeia de custódia, que sonhamos há dois anos".
"Hoje as pessoas que são violentadas vão e devem ir à unidade de saúde para tomar a profilaxia, que são medicações que evitam a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e nos casos das mulheres uma gravidez indesejada, depois vai para a delegacia fazer o Boletim de Ocorrência (BO), em seguida é encaminhada para o instituto Médico Legal para coleta de vestígios e em alguns casos retorna para a unidade de saúde. Com a cadeia de custódia, tudo isso será feito dentro do hospital", informou.
Sobre este processo de notificação, Zelma ressalta a facilidade de a vítima ser atendida. "Vamos continuar sendo profissionais de saúde, mas estaremos interligados com a Segurança Pública para relatarmos o ocorrido e o delegado do plantão receberá isso via sistema de informação que a Secretaria de Segurança Pública já está estruturando e vai devolver as informações em forma de BO e devolve para a equipe hospitalar e nossos médicos que serão capacitados irão realizar a coleta de vestígios e pessoa já vai poder ir para casa sem a peregrinação e revitimização", disse, acrescentando que "com a facilidade da vítima de ser ouvida e preservada, sem dúvida aumentarão as chances de retirar o agressor de série. Essa foi uma discussão neste evento do ponto de vista que o agressor deve ser tratado também", finalizou.
Sobre o novo fluxo de atendimento, o ginecologista obstetra, que atende às vítimas no Savis do HMDR, José Manoel Batista Santos destacou ser "um grande avanço, pois vai facilitar a abordagem dos pacientes, para que elas venham e possam expor a violência e serem tratadas adequadamente. É uma forma de agilizar o processo e facilitar para que aumente o índice de notificações e também evite a revitimização delas. Esta portaria é fundamental para isso, uma vez que evita que ela se exponha mais. Para nós médicos é uma responsabilidade ainda maior, temos que estar prontos para este tipo de atendimento específico", enfatizou.
A assistente social Lúcia Trindade, que trabalha com a atenção especializada na Secretaria de Estado da Assistência Social, se disse muito satisfeita com o evento e seu conteúdo. "Foi muito positivo, contribuiu bastante, principalmente para nós que trabalhamos com a atenção especializada, vimos muitos temas pertinentes e de grande contribuição para nosso trabalho diário", destacou.