PALMAS - Além de discussões técnicas, demandas do campo e a situação da agricultura brasileira, o II Encontro da Cadeia da Soja do Tocantins realizado na tarde desta segunda-feira, 2, na Assembleia Legislativa foi um ato de desagravo ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Parlamentares tocantinenses que votaram “sim” pelo afastamento da petista do cargo receberam uma placa da Aprosoja-TO (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Tocantins), organizadora da reunião.
Quatro dos seis parlamentares que votaram pelo impeachment foram ao encontro receber a honraria: Carlos Gaguim (PTN), César Halum (PRB), Dorinha Seabra (DEM) e Josi Nunes (PMDB). Dulce Miranda (PMDB) e Lázaro Botelho (PP), que também votaram “sim”, não compareceram ao encontro. O senador Ataídes Oliveira (PSDB), único da bancada tocantinense no Senado que apoia o impeachment, foi convidado, mas não compareceu por causa de reuniões agendadas em Brasília. Ele, entretanto, enviou comunicado que foi lido pelo mestre de cerimônia do evento.
A placa entregue aos parlamentares tinha a seguinte inscrição: “A cadeia produtiva da soja agradece a atitude corajosa de vossa excelência que optou por oferecer à nação oportunidade de recomeço com ordem e progresso”. Dois oito deputados que participaram da votação do último dia 17 na Câmara, apenas dois votaram “não” ao impeachment: Vicentinho Alves (PR) e Irajá Abreu (PSD).

FRENTE TOCANTINENSE

Organizador do evento, o presidente da Aprosoja-TO, Ruben Ritter, fez questão de agradecer aos parlamentares com o comprometimento deles com o agronegócio. “Com muita coragem optaram para dar um novo rumo para o nosso país. Os produtores precisam mais do que nunca do apoio dos senhores em razão dos prejuízos ocasionados pela seca”, citou. Ele destacou ainda a iniciativa da formação da Frente Parlamentar da Agropecuária Tocantinense.

DEFESA DE KÁTIA ABREU

Primeiro parlamentar a fazer pronunciamento, Gaguim se apressou em defender a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, defensora do governo Dilma e que tem sofrido críticas por parte de líderes ruralistas por seu posicionamento. “Não posso ser injusto. A ministra foi importante para o nosso Estado do Tocantins. Na Câmara, em um ano e pouco, tivemos a responsabilidade de fazer parte da comissão da agricultura (eu era vice-presidente) e a ministra Kátia Abreu tomou a posição dela, a gente respeita. Nesse tempo ela foi muito importante para o Tocantins”, discursou. Conforme divulgado amplamente pelo portal de notícial Cleber Toledo, Gaguim, então aliado de Kátia, foi alvo de impropérios da ministra quando confirmou a ela que votaria “sim”. Nesta tarde, diante da plateia de produtores rurais, fez a defesa da ministra, além de ressaltar conquistas de seu mandato para a agricultura, como liberação de R$ 200 milhões em recursos para o Matopiba.
Cesar Halum, outro parlamentar ligado ao agronegócio, por outro lado, não entrou no mérito. Citou apenas que a votação ocorreu por questões técnicas e ressaltou a importância dos produtores sobre o tema. “O agronegócio se posicionou bem”, disse. “Votei pelo agronegócio, mas em respeito pela constituição brasileira”, complementou. Já a deputada Professora Dorinha disse que procurou “honrar o mandato” e sua responsabilidade. “Não podemos fazer de conta que não estamos enxergando os números de nosso país como desemprego.” Por último, Josi Nunes ressaltou que “não só a agricultura, mas “todas áreas produtivas estão sentindo na pele essa grande crise” que o país vive.

DECRETO DE EMERGÊNCIA

Outro ponto importante do encontro foi a discussão sobre o decreto de estado de emergência assinado pelo governador Marcelo Miranda que propiciará aos produtores oportunidade de renegociar dívidas e juros junto aos bancos. Além do Estado, 40 prefeituras tocantinenses também decretaram. Os prefeitos foram homenageados.
Representando o governador Marcelo Miranda, o secretário estadual de Agricultura, Clemente Barros, anunciou que o Estado encaminhou à Faet (Federação da Agricultura do Tocantins), à CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) e a parlamentares tocantinenses que intercedam junto ao Conselho Monetário Nacional (CMN) por apoio à classe ruralista. “Pedimos não só pela renegociação nesta safra, mas para dar a condição de todos visando condições melhores para a próxima safra”, disse Clemente Barros.

PRESENÇAS

O auditório da Assembleia Legislativa estava lotado de produtores de várias partes do Estado. Entre outras autoridades, também participaram o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Endrigo Dalcin, os deputados estaduais Olintho Neto, Cleiton Cardoso e o procurador-chefe da Procuradoria da República do Tocantins, Álvaro Manzano.