Xambioá (TO) - Wagner Mendes da Silva, Sérgio Mendes da Silva, Roseli Francisco Alves da Silva, Anderson de Araújo Souza e Ronaldo Espindola Silva serão julgados na quinta-feira, 19, a partir das 8h30, no Fórum de Xambioá, na primeira temporada do tribunal do Júri Popular de 2015 naquele município.
Os cinco são acusados de participar do assassinato de Isabel Barbosa Pereira, que ocorreu no dia 28 de junho de 2009. A vítima foi encontrada sem vida, num terreno baldio, no centro da cidade, com sinais de violência, na madrugada do mesmo dia, em Xambioá.
Ela, que época tinha 34 anos, deixou três filhos. Atualmente, um está com 15 anos, outro com 14 anos e o caçula com 11 anos.
Isabel era mulher do lavrador Sérgio Mendes da Silva, beneficiado durante a campanha eleitoral de 2008, por doação ilícita de um pulverizador agrícola em troca de voto, que culminou na cassação do mandato do prefeito eleito em Xambioá, Richard Santiago Pereira (PMDB), autor da doação, por captação ilícita de sufrágio.
De acordo com edital de intimação assinado pelo presidente do Fórum, juiz da Vara Criminal, e quem vai presidir o julgamento, José Eustáquio de Melo Júnior, os suspeitos Sérgio e Ronaldo atualmente permanecem em lugar incerto e não sabido. A promotora Priscilla Karla Stival Ferreira é quem vai atuar no caso.
Família
Celma Barbosa, irmã de Isabel, disse que espera que a justiça seja cumprida. “Meu pensamento está voltado apenas para que se cumpra a justiça, não queremos que nenhum dos acusados seja condenado injustamente, mas se foram indiciados é porque teve embasamento para tal”, ressaltou.
Ela contou que a família teve “medo que as investigações fossem maquiadas”. Vários profissionais da área atuaram no caso, mas somente quando o delegado Evaldo Gomes atuou foi que o processo realmente andou. Lutamos muito por justiça quando minha irmã foi assassinada, fizemos vigília, passeatas junto aos órgãos de segurança pública, a fim de chamar a atenção da sociedade para os absurdos que estavam ocorrendo acerca do processo, do meio político envolvido ao caso e o medo de que as investigações fossem maquiadas e nada fosse realmente feito. Suplicamos justiça até ao governador do Estado da época (Marcelo Miranda)”, comentou.
Celma lembrou que a família “usou recursos próprios para que o processo não fosse arquivado”. “Usamos recursos próprios para que o processo não fosse arquivado, porque a justificativa do Estado era que não tinha verba pra fazer cumprir os atos judiciais que praticamente todos eram cumpridos em Palmas, e nas cidades onde o juiz na época respondia pela comarca de Xambioá, a delegacia tinha viatura mas não tinha combustível para tal. Foram meses de luta”, desabafou.
Celma lembrou ainda que os pais ficaram tristes quando um suspeito foi beneficiado com o HC. “Quando foi concedido o Habeas Corpus para um dos acusados, que se encontrava foragido, naquele dia vi no semblante do meu pai e minha mãe a dor e a tristeza com aquela situação, nós decidimos então entregar nas mãos de Deus porque ali encerrava nosso esforço em lutar, a justiça dos homens às vezes não cumpre seu papel efetivo e para Deus nada é impossível. Isabel era uma pessoa de alma linda, humilde e que só queria o bem a todos. Ressalto novamente, não almejo injustiça alguma, mas a família espera que a justiça seja feita”, enfatizou.
Simone Barbosa, outra irmã de Isabel, disse que a família acredita “no poder de Deus”, mas “espera ver os culpados condenados”. “Temos muita fé pois acreditamos no poder de Deus, são seis anos de espera por este dia, temos sede de justiça, sabemos que minha irmã não volta mais, mas toda família, amigos e Xambioá esperam ver os culpados condenados. Acredito que a providência divina está atuando nesse julgamento desde a escolha da data que será dia de São José, de quem a família é devota, confiamos que será feito justiça!”, exteriorizou os sentimentos.
Maria Amélia Barbosa, mãe de Isabel, de igual modo, disse que espera justiça a “todos que tramaram e praticaram essa barbárie”. “Isabel era uma filha que procurava viver na humildade, ou seja, pelo e para os outros, jamais pensava nela. Em função da família, sempre buscava fazer o melhor ou o impossível, era uma pessoa dotada do amor de Deus e que estava presente nos momentos mais difíceis. Por ela ser uma pessoa tão boa e sempre presente na família, parentes, amigos e conhecidos esperam no julgamento justiça a todos que tramaram e praticaram essa barbárie com minha filha, conosco e com meus netos. Minha vida nunca mais foi a mesma, ver minha filha sendo morta daquele jeito foi o momento mais difícil da minha vida”, contou, muito emocionada.
Publicado em Tocantins na Edição Nº 15259
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