Para José Maurício Cid dos Santos, 55 anos, os últimos dois anos foram de transformação. Por meio do acolhimento no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS/AD), ele saiu das ruas, concluiu o ensino fundamental e médio, e está realizando o sonho de fazer um curso de técnico de enfermagem. O ex-morador de rua é um dos 122 pacientes ativos atualmente.
“Nesses dois anos eu fiz mais coisas do que havia feito nos últimos 30 anos”, contou Paulista, como é conhecido. Ele chegou em Araguaína há quatro anos buscando tratamento em uma clínica particular, onde também trabalhou para manter a estadia e ganhou gosto pela enfermagem. Mas as recaídas vieram e voltou às ruas. Somente quando conheceu o CAPS/AD, há dois anos, Santos começou o que chama de crescimento.
“Aqui eu ganhei muitas capacitações que ajudam nos meus bicos e me mantém longe das ruas. Arrumei um lugar pra morar, ganhei umas coisas, outras eu comprei com meu dinheiro. Me ajudaram para eu continuar crescendo, não desistiram de mim”, relatou Santos. Ele concluiu os primeiros oito meses do curso de técnico de enfermagem. Serão dois anos e três meses de estudo pelo Instituto Carlos Chagas, que o recebeu com bolsa integral.
Educação como transformação
Dos 1882 cadastrados, 52,8% possuem o fundamental incompleto. De acordo com o coordenador da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Araguaína, Klaubher Feitosa, os cursos oferecidos na unidade e parcerias com instituições de ensino são fundamentais para acompanhamento dos pacientes.
“O José Maurício é um dos pacientes que acompanhamos faz tempo. Para dependente químico não existe cura, mas sim um tratamento continuo. Redução de danos e cuidados com a saúde. Esses cursos dão uma nova visão, um animo diferente para os pacientes”, comentou. São cursos que vão desde oficina de tapete a mecânico de motocicleta.
Dados locais
O ano de 2018 registrou a maior procura de novos pacientes desde sua implantação em 2012. Foram 292 frente aos 337 no ano inicial. Também houve crescimento nos atendimentos, saindo de 10658 no ano passado para 11064 neste ano.
O coordenador acredita que o aumento é devido a unidade começar a funcionar por 24 horas, com acolhimento integral e convênio com o centro de recuperação municipal de dependência química, Comunidade Terapêutica Vida Nova.
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