A aceleração da queda dos juros básicos da economia pelo Banco Central não impediu a moeda norte-americana de voltar a cair e a fechar no menor valor em dois meses. Um dia depois da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que reduziu a taxa Selic para 13% ao ano, o dólar comercial encerrou a sessão vendido a R$ 3,176, com queda de R$ 0,016 (-0,5%). A cotação está no menor nível desde 8 de novembro (R$ 3,167).

O dólar operou em queda durante toda a sessão. No início da tarde, chegou a operar em estabilidade, mas voltou a cair nas horas finais de negociação. A divisa acumula queda de 2,3% nos primeiros dias de 2017. Como nos últimos dias, o mercado de câmbio operou sem intervenções do Banco Central. Desde 13 de dezembro, a autoridade monetária não compra nem vende dólares no mercado futuro.
Na reunião de anteontem (11), o Copom surpreendeu o mercado e cortou a taxa Selic em 0,75 ponto percentual. A redução foi maior que a esperada pelas instituições financeiras, que projetavam queda de 0,5 ponto.
Em tese, a queda dos juros básicos estimula a fuga de capitais do país. No entanto, a inflação caiu mais que o previsto em 2016, fechando o ano em 6,29% , no menor nível desde 2013. Dessa forma, o fato de o Brasil continuar com juros reais (taxas nominais menos a inflação) altos continua a estimular a aplicação de capitais estrangeiros no país.
No mercado de ações, o dia também foi de ganhos. Em alta pelo terceiro dia seguido, o índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, subiu 2,41%, para 63,954 pontos. O indicador está no nível mais alto desde 8 de novembro. As ações da Petrobras, as mais negociadas, subiram 1,66% (papéis ordinários, com direito a voto em assembleia de acionista). Os papéis preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) fecharam com valorização de 1,53%.
Recuperar consumo e investimentos - A aceleração da queda dos juros básicos da economia ajudará na recuperação da economia, avalia a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em nota, a entidade informou que o corte de 0,75 ponto percentual na taxa Selic foi acertado diante de um cenário de inflação em baixa e de estagnação da produção e do consumo.
Para a CNI, a redução dos juros permitirá a redução do endividamento das empresas e das famílias, auxiliando na recuperação econômica. “A indústria considera que a redução significativa dos juros é importante para recuperar as condições financeiras das empresas e das famílias e abrir caminho à reativação dos investimentos, do consumo, da produção e do emprego”, destacou o comunicado.
Apesar de considerar positiva a queda da Selic, a CNI considera que os juros só permanecerão baixos no médio e no longo prazo se o governo cortar gastos e continuar a promover medidas que equilibrem as contas públicas. “A emenda constitucional que estabelece limites para o crescimento dos gastos do governo deve ser complementada com outras ações, como a reforma da Previdência Social, que busquem o controle da dívida pública e a estabilização da economia”, acrescentou a nota. (Agência Brasil)