Início do trecho impedido de ser asfaltado
Acampamento dos sem terra às margens da rodovia

Willian Marinho

Um trecho de aproximadamente 2 mil metros situado na Estrada do Arroz, entre os distritos de Petrolina e São Félix, está gerando divergências e impedindo a pavimentação asfáltica. O problema está ocorrendo em virtude de resistência dos sem terra acampados no trecho e que não querem deixar seus barracos nas margens da rodovia até que o governo federal atenda suas reivindicações e dê-lhes terras para assumirem.
A denúncia foi feita por lideranças do povoado Petrolina, que temem a qualquer momento confronto entre os moradores e os acampados por causa deste impedimento da obra, sonhada há mais de quarenta anos e iniciada no governo passado e continuada pelo atual governo.
O ex-presidente da Associação dos Moradores da Petrolina, Francisco Gomes da Silva, o Peba, disse que gostaria que os sem terra atendessem à solicitação da construtora e se afastassem oito metros para que seja continuada a obra.
“Estamos pedindo providências. Vamos continuar insistindo com eles para que se afastem das margens a fim de que seja feita a pavimentação. Se não conseguirmos pacificamente, entraremos na Justiça para que seja liberado o trecho, pois os povoados não podem ficar prejudicados com a paralisação da obra, sonhada por nós há muitos anos. Eles podem depois retornar e ficarem lá até quando quiserem”, disse ele.
O pastor Arimatéia, que esteve reunido com os acampados sem terra, foi taxativo em afirmar que eles continuam irredutíveis e não pretendem sair enquanto não for resolvido o problema deles, que é serem assentados. “Eles disseram que não irão sair até que sejam assentados e a população não aceita esta imposição, afinal, por conta de um trecho de dois mil metros, toda uma obra será prejudicada”, frisou.
O líder comunitário Generton Queiroz acusa a líder dos sem terra, conhecida como Sandrinha, pela intransigência em saírem do local e prevê, inclusive, que se não houver interferência do Governo do Estado em intermediar o problema, haverá derramamento de sangue.
“O povo, quando quer lutar por seus direitos, não pensa muito e vai à luta. E o que está ocorrendo é exatamente isso, estamos sendo prejudicados em nossos direitos. Peço ao secretário Clayton Noleto que intermedeie o problema antes que haja divergências entre eles e os moradores. A Construtora Sucesso, responsável pela obra, não pode trabalhar e pode, inclusive, deixar o trecho sem pavimentação por conta da intransigência de um grupo de acampados. A empresa marca o trecho com piquetes e eles veem e tiram. Não pode continuar, é preciso que seja resolvido, está chegando o inverno e podemos ficar sem a obra concluída. Esta obra vai beneficiar todos os moradores destes povoados com a redução da viagem para Imperatriz, além da melhoria. Eu culpo a Sandrinha pelo que está acontecendo, pois ela, como uma líder, deveria pensar mais em todos e ter bom senso”, afirmou.
Prevista para ser entregue em dezembro, a pavimentação já está bastante avançada e o governo espera cumprir todo o cronograma traçado para antes da chegada do inverno e o impasse em Petrolina e São Félix poderá atrasar o projeto.
Ontem o secretário de Infraestrutura do Estado, Clayton Noleto, informou que já promoveu duas reuniões com a Superintendência do Incra no Maranhão tratando do assunto. E que nesta quarta-feira seguirá para Brasília um técnico da Sinfra para solicitar à presidência do Instituto a liberação da área destinada aos sem terra.
“Sei do problema e mesmo não sendo de nossa alçada, mas como é de interesse público em atender aos serviços e às pessoas, fiz duas reuniões solicitando a liberação dos recursos e a área que foi destinada aos acampados. Já foi definida a área, que é da Suzano, e falta apenas a autorização do Incra para que eles tomem posse. Esperamos ainda nesta semana resolver esta pendência”, disse ele.