São Luís - As comunidades quilombolas Juçatuba (município de São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís), Santo Inácio e Castelo (município de Alcântara) foram escolhidas para serem campo da pesquisa “Códigos públicos: um olhar quilombola sobre a resolução de conflitos”. O trabalho é fruto de parceria firmada entre a Secretaria de Estado de Igualdade Racial (Seir) e a Foundation Terre des Hommes (Tdh). O objetivo do estudo é compreender de que forma e por meio de quais mecanismos, as comunidades quilombolas estabelecem as relações voltadas à resolução de conflitos.
A pesquisa irá identificar as melhores práticas adotadas pelas comunidades quilombolas visando o crescimento saudável da criança e do adolescente e na solução de conflitos que interferem no desenvolvimento pleno deles. “Em seguida, faremos recomendações para incorporar as boas práticas ao modelo de Justiça Juvenil, enquanto política pública de Estado”, ressaltou a secretária de Estado de Igualdade Racial, Claudett Ribeiro.
O projeto é colocado em prática por uma equipe coordenada pela cientista social e consultora da Seir, Karla Suzy Andrade, e tem a participação dos estudantes do 8º período de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Maranhão (Ufma), Hesaú Rômulo Pinto, Glenda Ribeiro e Hélia Fernanda Chaves.
Segundo a coordenadora dos trabalhos, é a primeira vez que uma pesquisa antropológica com esta temática será realizada no Brasil. “Vamos fazer um levantamento sobre as práticas tradicionais adotadas pelos quilombolas para solucionar atritos, sem que haja a intervenção da Justiça Judiciária e das polícias. “Para isso, adotamos como metodologia o trabalho etnográfico, a partir de relatos orais e observação participante”, explicou Karla Suzy.
Visitas
As primeiras visitas aos povoados formam realizadas este mês. Foi o momento de estabelecer o primeiro contato e explicar os objetivos do estudo. “Nós iremos confrontar a visão que se tem de que é nas comunidades quilombolas que ocorrem mais casos de violência”, disse a coordenadora da pesquisa.
A gestora municipal da Política de Igualdade Racial de Alcântara, Maria do Nascimento, auxiliou a equipe de pesquisadores a articular as visitas às comunidades. “A pesquisa é importante, pois sistematiza práticas tradicionais. Para as comunidades quilombolas são ações cotidianas, mas que, ao serem estudadas, organizadas e difundidas, podem ajudar outras comunidades a reduzir os índices de violência”, afirmou. Para ela, é imprescindível as comunidades acompanharem a pesquisa e terem acesso aos resultados.
O acesso aos dados finais da pesquisa será liberado ao público depois da conclusão dos trabalhos, em julho de 2012. Segundo a consultora da Seir, Karla Suzy, os resultados serão apresentados às comunidades pesquisadas, outras comunidades quilombolas do Maranhão, além de instituições do poder público, universidades e demais interessados. (Danielle Moreira)
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