A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia (SBHCI) chama a atenção para nova técnica de tratamento de estenose aórtica - doença que atinge mais de um milhão de idosos, no Brasil. Trata-se de uma bioprótese para o Implante Transcateter de Valva Aórtica (TAVI). A técnica, recentemente reconhecida e aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Médica Brasileira (AMB), mostra-se bem sucedida em pacientes que não possuem as condições necessárias para a realização de cirurgia cardíaca (cerca de 33% dos enfermos acima de 75 anos). Para tanto, a SBHCI lança a campanha ‘Jovens Corações’ que visa difundir informações entre o público leigo e o aprimoramento de profissionais de saúde para realizarem o procedimento cirúrgico.
A estenose aórtica caracteriza-se pela dificuldade da valva aórtica em controlar o fluxo de sangue do coração (dificuldade de abertura da válvula) para artéria aorta – a maior e mais importante do corpo humano. A doença acomete idosos, sobretudo, com idade superior a 75 anos. Aos pacientes que apresentam Estenose Aórtica é indicada a substituição da valva doente por uma prótese com cirurgia de peito aberto. Contudo, cerca de 30% deles não são elegíveis para tal procedimento devido ao alto risco. Hoje cerca de 150 mil brasileiros, acima de 75 anos, possuem estenose aórtica severa.
Para esse perfil de paciente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já de aprovou o emprego de três bioprótese por cateter (TAVI), inclusive um modelo nacional. A técnica consiste em uma pequena incisão na virilha por onde o médico introduz um cateter que carrega a bioprótese até o coração. A medida evita a aplicação de anestesia geral, bem como maiores incisões, com menor risco de complicações pós-cirúrgicas, nesse subgrupo de enfermos muito graves excluídos do tratamento cirúrgico pelo alto risco, afora a rápida recuperação e menor permanência no hospital. Há consenso na comunidade médica cardiológica sobre o emprego do TAVI em portadores de estenose aórtica cuja cirurgia de substituição da valva é contraindicada.
Apesar dos benefícios incontestes do TAVI, sobretudo em um subgrupo de pacientes sem outras alternativas terapêuticas com a mesma eficácia, este tratamento ainda não é reembolsado pelo sistema de saúde do Brasil. Na prática, esses enfermos para ter acesso ao tratamento (TAVI) têm que buscar a justiça.

Campanha
A Campanha Jovens Corações surgiu como um meio de chamar a atenção para o crescente impacto da estenose aórtica na também crescente população idosa brasileira. A mobilização visa ainda difundir a técnica do TAVI entre a classe como forma de atenuar o impacto da doença e promover a manutenção da qualidade de vida dos pacientes. Para tanto, o Incor e a SBHCI reunirão médicos de todo o País para um mutirão onde serão ministradas aulas para especialização na técnica, transmitidas via videoconferência visando ampliar o número de profissionais de saúde capacitados para sua realização.
Para o contato com o público leigo, a partir de fevereiro, a SBHCI montará tendas em praças públicas para promover aulas de ioga com o intuito de atividade física de baixo impacto e, dessa forma, incentivar a prática esportiva. A iniciativa será itinerante e, a cada mês, contemplará um estado diferente.

Estenose aórtica no Brasil
A estenose aórtica resulta do endurecimento e calcificação da valva aórtica determinando dificuldades na sua abertura. Isto é, devido ao acúmulo de cálcio e fósforo nessa região, a valva torna-se mais rígida, obrigando o coração a trabalhar mais para impulsionar sangue para todo o corpo. Esse processo costuma ser lento, desta maneira, a doença manifesta-se mais comumente em indivíduos com mais de seis décadas de vida. Dentre as manifestações mais frequentes da doença figuram angina (dor ou pressão no peito), sensação de fraqueza ou desmaio após a prática de exercícios físicos, dificuldade de respirar após atividades físicas e capacidade reduzida para a execução de exercícios. A partir do momento em que se torna sintomática, a sobrevida dos pacientes é, em média, de dois a três anos. Os riscos de morte súbita também se agravam.
O aumento observado nos casos de Estenose Aórtica está intimamente ligado ao envelhecimento da população idosa, no Brasil. Essa disfunção na distribuição sanguínea pelo corpo é responsável por queda na qualidade de vida do idoso, diminuição de sua independência e, em casos mais severos, altos índices de mortalidade. Estima-se que a cada vinte pessoas com idade superior a 75 anos, uma será acometida pela doença. (CR.COMUNICAÇÃO)