A Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Maranhão lançou a publicação Conflitos no Campo Brasil 2018 terça-feira (21). Em sua 34ª edição, o relatório anual reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais. Além dos dados sobre o estado, também serão debatidos as informações sobre a região da Amazônia Legal. Terceiro lugar no Brasil em ações de pistolagem, uma vez que relacionou 1.065 ações de pistoleiros contra famílias em 2018, o Maranhão registrou 201 conflitos no campo que envolveram 80.803 pessoas. Deste total, 199 são conflitos por terra e 2 trabalhistas.
O Maranhão é o 6º estado com maior área em disputa: são 989.745 hectares. No ano passado, neste estado, de biomas Amazônia e Cerrado, 316 famílias foram despejadas; 1.638 famílias sofreram ameaças de despejo; 2.235 famílias sofreram tentativa ou ameaça de expulsão de suas terras; 462 tiveram suas casas destruídas; e 111 tiveram suas roças destruídas.
Segundo levantamento da CPT, nestes primeiros meses de 2019, a violência no campo já fez 11 vítimas, sendo dois casos de massacres no município de Baião, no Pará, com 6 mortes. Dois outros assassinatos ocorreram no Amazonas, dois no Mato Grosso e um na Bahia. Os dados evidenciam, novamente, a Amazônia Legal na liderança do ranking dos conflitos agrários.
Amazônia Legal:
A região conhecida como Amazônia Legal detém cerca de 61% do território brasileiro e compreende nove estados: Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Dos 1.489 conflitos no campo no Brasil registrados pela CPT em 2018, 49% ocorreram na Amazônia. E das 960.630 pessoas envolvidas em conflitos, 62% (599.084) estão nessa região.
O Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, da CPT, também registra o número de hectares em disputa no Brasil, que em 2018 subiu 6,5% em relação ao ano anterior, passando para 39 milhões e 425 mil hectares implicados em conflitos agrários. Deste total, 97,7 % das áreas em conflitos estão na Amazônia Legal, ou seja, 38.523.167. Toda essa extensão territorial alvo de disputa indica, de modo incontestável, a forte invasão que essa região vem sofrendo e que há uma questão (de reforma) agrária em aberto.
Outros dados:
Dos 28 assassinatos que ocorreram no campo no Brasil em 2018, 24 estão na Amazônia Legal (16 no Pará, 6 em Rondônia, e 2 no Mato Grosso).Das 28 tentativas de assassinatos que ocorrem no Brasil ano passado, 17 foram em estados da Amazônia Legal (10 no Pará, 3 em Rondônia, 1 no Maranhão, 1 no Mato Grosso, 1 no Tocantins e 1 no Amazonas).
Das 165 pessoas ameaçadas de morte, 121 estão na Amazônia Legal (57 no Maranhão, 49 no Pará, 6 em Rondônia, 4 no Mato Grosso, 2 no Amazonas, 1 no Acre, 1 em Roraima e 1 no Tocantins).
Das 197 prisões de trabalhadores e trabalhadoras, povos e comunidades tradicionais no Brasil, foram 158 nessa região amazônica. E dos 27 casos de pessoas torturadas, 24 foram na Amazônia (20 no Pará, 2 em Rondônia e 2 no Maranhão). (Portal Guará)
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