Rodrigo Reis

O relatório do Mercado do Leite divulgado pela Scot Consultoria mostra queda nos preços do leite ao produtor, em todo o Brasil, para o pagamento de dezembro (produção de novembro). A queda foi de 2,6% em relação ao pagamento anterior, a maior baixa do ano e retrata o período de safra em importantes regiões produtoras do país.
Desde agosto, quando foi anunciado embargo às importações de produtos da União Europeia (UE), entre eles os lácteos, os preços desses produtos caíram em até 28%, como é o caso do leite em pó desnatado. As expectativas para os próximos períodos não são positivas, pois o consumo do leite e derivados não tem acompanhado a oferta de leite no campo, o que faz aumentar os estoques e pressiona os preços para baixo.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, 83% dos laticínios pesquisados acreditam em queda dos preços do leite ao produtor em dezembro e 17% fala em manutenção dos preços. Nenhum laticínio acredita em alta de preços ao produtor nos próximos dois anos. No sul do Maranhão, a diminuição do repasse ao produtor pode chegar até 15 centavos, segundo um dos laticínios da região.
Renato José Nogueira é proprietário da fazenda Medalha Milagrosa, em Ribamar Fiquene, distante 50 km de Imperatriz - a segunda cidade maior do Maranhão. Para ele, a única maneira de enfrentar a queda do preço do leite é diminuir os custos de produção. “Isto só se torna possível através de um programa de gestão, incluindo o gerenciamento da propriedade como um todo, deve-se fazer uma melhor negociação dos preços dos insumos fornecidos ao rebanho, buscar maior otimização da mão de obra, manejo adequado de pastagens, melhoria do potencial genético do rebanho, entre outros pontos”, destaca.
O gerente de Laticínios da Palate, José Paulino Siqueira, explica que o país vinha crescendo na área, com o produtor sendo remunerado como nunca nos últimos anos e de repente a retração no preço do leite - a exemplo de três anos atrás - é complexo para se ter aceitação e entendimento do produtor. “O mercado global modula e então a empresa precisa ser rápida nas respostas ao cenário. Se existe uma retração de preço no produto acabado ao mercado, a empresa precisa fazer um repasse disso para a ponta”, complementa.
Consciente das dificuldades do mercado, o produtor Renato José Nogueira desabafa: “Acredito que a única maneira para que consigamos sobreviver na atividade leiteira é fazendo o que todo produtor de leite deste país já faz, que é trabalhar de sol a sol, com mais eficiência e tecnologia, porque se formos esperar deste nosso governo, por qualquer atitude que beneficie este importante segmento do agronegócio, estaremos fadados ao fracasso”.