Capacitação profissional tem mudado a vida dos internos

Buriticupu - Atividades esportivas, exercícios laborais, práticas voltadas para a geração de renda e celebrações religiosas. Essa é a atual rotina dos detentos da cadeia pública do município de Buriticupu. As ações fazem parte de um Projeto de Ressocialização que vem sendo desenvolvido com os internos desde agosto do ano passado.
A iniciativa, que conta com o apoio da Polícia Civil, do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do município, Igreja Adventista, entre outros órgãos, é voltada para promover a reinserção familiar, social e comunitária por meio de ações integradas nas áreas de saúde, educação e espiritual.
Segundo o delegado Carlos Alessandro Rodrigues, titular da Delegacia de Polícia Civil de Buriticupu, os resultados após a implantação do projeto são visíveis na convivência diária dos presos. “A partir da implementação dessas ações, as mudanças de comportamento passaram a ser notadas no dia a dia de cada interno. Não temos registro de rebelião, motim ou greve. Esse trabalho tem representado um importante passo no processo de reconhecimento da dignidade humana”, ressaltou o delegado.
O projeto surgiu a partir da iniciativa de um Agente Comunitário de Saúde que decidiu realizar as primeiras ações interventivas com os internos. Em julho deste ano, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) estruturou o programa, incluindo uma equipe multidisciplinar de profissionais nas atividades.
“Paralelo aos trabalhos dentro da unidade, realizamos um acompanhamento com as famílias de cada interno. Esse auxílio é para que, ao sair da prisão, ele encontre um ambiente familiar acolhedor e não retorne ao mundo da criminalidade”, contou o coordenador do projeto, Jamerson Lindoso.
A Igreja também tem exercido um papel fundamental nesse processo de mudança de comportamento e para o sucesso do projeto. Semanalmente são realizados cultos, encontros religiosos e até celebrações como batizados voltados para os detentos e seus familiares.

Mudança
Cerca de trinta presos provisórios recebem os atendimentos e participam das oficinas semanalmente. Para José de Castro Meirelles, que havia sido preso suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas e hoje está em liberdade, o projeto trouxe lições que serão levadas para o resto da vida. “Entre as lições que aprendi na prisão, hoje tenho a consciência de que o crime não compensa. O apoio do projeto e das pessoas da delegacia ajudou para que hoje eu pudesse estar totalmente recuperado, além de aprender uma profissão com as aulas de artesanato. Essas atividades ocupam nossa mente no período em que estamos presos”, disse.

Premiação
Por conta do trabalho desenvolvido em prol dos internos de Buriticupu, o Projeto de Ressocialização ganhou o primeiro lugar na 1ª Mostra de trabalhos da NASF do Maranhão, promovido pela Secretaria de Estado de Saúde.
A competição reuniu 52 trabalhos sobre ações estratégicas de saúde da família. A coordenação do projeto pretende agora levar a ação desenvolvida no Maranhão para concorrer ao Prêmio Inovare em 2012.