O Maranhão é o único estado da Amazônia Legal que não tem município com alto risco de transmissão da malária. O estado vem mantendo o controle sustentado e houve redução do número de casos da doença na ordem de 41% em relação ao ano de 2009.
O diagnóstico rápido e o tratamento imediato com ações de controle vetorial, são as principais causas da redução dos números de casos da doença no estado. Os dados foram apresentados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), durante a XX Avaliação Nacional do Programa de Controle de Malária, realizada em Brasília no mês de junho/2011. Fazem parte da Amazônia Legal também o Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima, Amapá, Pará, Mato Grosso e Tocantins.
A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por parasitas protozoários do gênero Plasmodium, transmitida por mosquitos. Espalha-se em regiões tropicais e subtropicais, como partes das Américas, Ásia e África. A cada ano há entre 1 e 3 milhões de mortes decorrentes de malária, sendo a maioria de crianças na África Sub-Saariana. Malária é uma das doenças mais comuns e um grande problema de saúde pública em vários países.
O chefe do Departamento de Endemias da SES e Coordenador do Programa Estadual de Controle de Malária, Nelson Miranda Cavaleiro, disse que o Maranhão vem garantindo ao longo dos últimos 10 anos uma redução gradativa e com sustentabilidade dos casos de malária. No ano de 2000, 35 municípios maranhenses apresentavam IPA (Índice Parasitário Anual) classificado de Alto Risco, correspondendo que em cada 1000 habitantes, 14 tinham malária.
Em 2010, nenhum dos 217 municípios do estado apresentou grande volume de casos se comparado com o restante da Amazônia Legal. A maior incidência da doença é registrada em municípios que fazem fronteira com o Estado do Pará, como Maracaçumé, Governador Nunes Freire, Amapá do Maranhão e Cândido Mendes, Centro Novo do Maranhão e Boa Vista do Gurupi. Todos inseridos na área da Unidade Regional de Saude de Zé Doca.
No ano de 2010 o Maranhão notificou 2.329 casos de malária, correspondendo a 0,72% do total de casos notificados da Amazônia Legal. Em comparação com 2009, o estado apresentou redução de 41,6%.
A doença é causada por parasitas protozoários do gênero Plasmodium. Os parasitas são transmitidos por mosquitos fêmeas, do gênero Anofeles que multiplicam-se dentro das células sanguíneas vermelha. Os sintomas são febre, calafrio, dor nas articulações, vômito, anemia, hemoglobinúria e convulsões. O tratamento é feito a base de medicamentos tomados de acordo com a espécie de Plasmodium. A dose certa para a cura é definida de acordo com a idade do paciente.
Nelson Cavaleiro explicou que no ano de 2010 foram realizadas atividades como controle de qualidade do diagnóstico da malária e outras endemias; monitoramento do diagnóstico das unidades regionais de saúde; assessoramento, monitoramento, avaliação das ações, capacitação e atividades afins. “Também foi realizada a distribuição de equipamentos, como bombas aspersoras e bolsa de lona personalizada e materiais para notificação e coleta de material para exame microscópico, foram feitos estudos entomológicos na área da Usina Hidrelétrica do Estreito, de Assentamentos do Incra”, e de outros empreendimentos em implantação no estado, explicou.

Rede Laboratorial
O estado do Maranhão apresenta no momento uma rede de diagnóstico de malária, com 248 laboratórios instalados em 182 municípios; 18 laboratórios de revisão de lâminas; 18 laboratórios de entomologia nos Núcleos de Epidemiologia das Unidades Regionais e um laboratório de referência sediado em São Luís, contando com recursos humanos devidamente capacitados em entomologia geral, desenvolvendo atividades referentes ao controle da malária e de outras endemias transmitidas por vetores.
Nelson Cavaleiro lembrou que após o processo de descentralização das ações de Epidemiologia e Controle de Doenças, para o âmbito do estado em 2000, havia alta incidência da transmissão da doença, com registro de 78.716 casos. No ano de 2009, em decorrência de alguns surtos localizados, houve um acréscimo de casos em relação a 2008 e, apesar das medidas operacionais adotadas, ainda ocorrerem 5.708 casos com aumento de 17,1%. No ano de 2010, comparando com 2000, houve redução acentuada dos casos de malária, com índice de 96,5%. (Concita Torres)