O presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, o ex-deputado Guilherme Campos, afirmou, em comissão geral no Plenário nessa terça-feira (30), que a privatização não é desejo do governo, mas disse que, se nenhuma das iniciativas em curso para recuperação da empresa der certo, pode ser alternativa.
“Se nada der certo, os caminhos se estreitam: os Correios podem ser um departamento dentro dos Ministérios das Comunicações; podem entrar novamente numa pauta de privatização”, disse.
Já trabalhadores e deputados defenderam aporte do governo para preservar o caráter público da empresa e empregos e enfrentar as mudanças tecnológicas.
Segundo Guilherme Campos, para tentar superar a crise financeira vivida pela empresa, os Correios estão entrando nos serviços de logística, encomenda e comércio eletrônico.
Ele destacou, porém, que várias empresas – locais e internacionais – concorrem com os Correios nessas áreas. “Se não tivermos resultado, a empresa não terá condições de sobreviver”, ressaltou. “Porque ela é uma empresa, mesmo sendo pública, e tem que ser autossuficiente”, complementou.
Correios ‘defasados’ - O presidente dos Correios destacou que a crise foi provocada pelas mudanças tecnológicas, já que o envio de cartas está diminuindo. “Os Correios não se prepararam para essa mudança há 15 anos”, disse.
“Os grandes países do mundo o fizeram, mas aqui no Brasil estamos correndo contra o tempo”, completou. Ele defendeu ainda a quebra do monopólio postal dos Correios, que, para ele, hoje é um ônus para a empresa.
Caráter público - Já o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios e proponente da sessão, defende que os Correios continuem sendo uma empresa pública.
Segundo ele, o Governo Michel Temer coloca em prática programa de privatizações, que incluiria a entrega dos Correios para o capital internacional.
Para ele, a função da empresa pública não é ter apenas lucros, mas deve ser analisada no contexto macroeconômico e de integração nacional.
O deputado ressaltou que os Correios têm 115 mil empregados e promovem a universalidade do serviço postal, com preços justos – “dentre as faixas mais baixas do mundo” –, além de atuarem como regulador de mercado no caso dos preços de encomendas.
Monteiro acrescentou que os Correios têm avaliação extremamente da população brasileira. “A população não quer a privatização”, observou. (Agência Câmara)
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