Willian Marinho
Estudantes, professores, empresários, produtores rurais, políticos e religiosos da cidade de Rondon do Pará realizaram ontem pela manhã manifestação contra “campanha difamatória” da mídia nacional, que aponta a cidade como uma das mais violentas do país.
O movimento interditou por cerca de duas horas a rodovia PA-70, que corta o município, e foi organizado pela sociedade civil. De acordo com representantes do movimento, a cidade está enfrentando dificuldades em atrair investidores e fazer negócios por conta da notícia veiculada em nível nacional de que é terra de pistoleiros.
Em carta aberta, a população repudia todas as informações depreciativas, desmoralizantes e mentirosas veiculadas sobre Rondon do Pará desde 2000, quando o sindicalista conhecido como Dezinho foi morto na cidade.
Diz o documento que, “apesar de lamentável - como é lamentável a perda de qualquer vida humana -, a morte deste cidadão não justifica reportagens jornalísticas com opiniões equivocadas sobre a nossa cidade, como apresentada no dia 20 de julho de 2011, no programa Fantástico, da Rede Globo, em que a viúva deste senhor, Maria Joelma Costa, aparece mostrando uma Rondon sem lei, sem justiça, sem pessoas honrosas e honestas, sem trabalhadores e, o que é pior, sem quaisquer perspectivas de desenvolvimento”.
O documento, que foi distribuído na manifestação, continua afirmando que a campanha “trata-se de um panorama sem fundamento e que compromete seriamente setores como turismo e comércio e, consequentemente, a qualidade de vida de todas as pessoas que escolheram essa terra maravilhosa para estudar, trabalhar e viver”.
O produtor rural Raimundo Ferreira, um dos líderes do movimento, foi taxativo em afirmar que “hoje, dia em que a cidade relembra a morte de Dezinho, nós associações, institutos, sociedade civil organizada, moradores e filhos de Rondon, manifestamos nossa insatisfação com o circo montado sobre o caso por uns poucos oportunistas que usam a mídia para ganhar notoriedade e prestígio fora da cidade. Sim, fora da cidade, porque em Rondon do Pará sabemos muito bem quem são, o que fazem e onde querem chegar!”.
A Carta de Rondon termina criticando que “usar a morte de uma pessoa e cercar esse episódio de mentiras é imoral, ilícito e desleal. O povo de Rondon luta, sim, por justiça. Mas, junto com ela, também exige atenção, respeito e consideração. Mesmo que para isso seja necessário apagar os holofotes que sempre iluminaram as mentiras e falsidades dos oportunistas que, há tempos, se aproveitam do caso”.
Adiado – Previsto para ontem, o julgamento de um dos acusados pelo assassinato de Dezinho, Lourival de Souza Costa, Pirrucho, 74 anos, que está preso desde 2001, foi adiado pela justiça e não há nova data marcada para acontecer. Familiares do então fazendeiro, hoje sem terra, pois em 2004 suas terras foram tomadas pelo MST, enfrentam problemas de saúde e o movimento realizado ontem pela manhã pediu ainda que seja feita justiça. Um dos pioneiros da cidade, Pirrucho e sua família estão hoje vivendo de ajuda dos amigos e das suas filhas. “Queremos justiça, não acreditamos nesta acusação, sem prova alguma, e sabemos que os que o acusam são os invasores de sua propriedade em 2004 e tiraram sua única ferramenta de trabalho e forma de sustentar sua vida. Chega de Injustiças e acusações indevidas. Já lhe roubaram tudo, só falta sua liberdade, não deixemos que isso aconteça”, diz trecho do documento distribuído ontem pela manhã.
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