A Polícia Civil realizou mais uma etapa da operação que combate o crime de furto de energia no Maranhão. Na madrugada desta quinta-feira (20), as equipes se deslocaram para os municípios de Buriticupu, onde foram flagrados diversos casos deste tipo. "Recebemos a denúncia da empresa que apontava madeireiros como autores do crime de furto destes cabos e ao checar, conseguimos constatar o ilícito e identificar alguns autores", explicou o chefe do Departamento de Defesa de Serviços Delegados (DDSD), delegado Marcos Amorim.
Os autores podem ser penalizados por crime ambiental, sonegação de impostos e furto de cabos de eletricidade, entre outros. Neste primeiro momento, nove empresas foram identificadas pela prática ilegal. À empresa, o prejuízo causado por este crime chega à média de R$ 20 mil mensal, além das perdas com os impostos sonegados. Mais de 110 inquéritos destes casos foram concluídos este ano.
Segundo as investigações, a maior parte destes crimes é cometida por empresas madeireiras e serrarias que por meio de transformadores realizam ligações clandestinas de energia. Paralelamente, os suspeitos utilizam esta energia para outro crime, a extração ilegal de madeira. "Em todas as denúncias que chegaram a nós encontramos essa situação irregular", enfatiza Marcos Amorim. O delegado aponta, ainda, a sonegação de impostos, concorrência desleal, falsificação de licenças e outros documentos e o furto e roubo de veículos e armas como outros crimes ligados ao roubo dos cabos de energia.
Mesmo com as investigações e conclusão de inquérito, os autores voltam a cometer o crime, diz o delegado Amorim. "Nós remetemos os inquéritos à Justiça com todas as constatações, mas, eles continuam incidindo no crime. Ainda assim, a polícia não deixa de investigar e indiciar os envolvidos. O combate é periódico", reforça. As denúncias são repassadas pelas próprias empresas concessionárias dos serviços públicos - luz e energia, principalmente. Quando o autor não é encontrado, a polícia instaura inquérito guiada por anotações, relato de testemunhas e provas encontradas nos estabelecimentos suspeitos. "Sempre conseguimos identificar essas empresas e temos conseguido, apesar das dificuldades, combater essa ação criminosa", reforça o chefe do DDSD.
O maior impasse para combate a este crime é de ordem social, pois, a mão de obra envolvida são moradores nascidos e criados nas próprias regiões e cooptados pelos madeireiros. "Essas pessoas não têm noção do crime que estão cometendo e estão em busca de um ganho para manter suas famílias. São pessoas humildes e que são, muitas vezes enganadas ao serem envolvidas nestes crimes", diz o delegado.
Os donos das empresas, em sua maioria, são de outros estados e pouco comparecem aos locais, já prevendo as ações da polícia. "O intuito é levantar dinheiro e a partir da venda eles vão embora e vêm outros. A rotatividade é muito grande e dificulta a identificação, sobretudo por funcionarem totalmente na clandestinidade", explica. Com as operações, a polícia tem conseguido dificultar o avanço do empreendimento quebrando financeiramente o serviço destes madeireiros, informa o delegado.
Durante a operação a polícia apreendeu nove transformadores inviabilizando o negócio. Iniciada nesta segunda-feira (19), a operação já passou pelos municípios de Açailândia, Porto Franco, Governador Edison Lobão, Santa Luzia, Imperatriz e demais cidades da região Tocantina. A operação é permanente e a etapa intensificada prossegue até este sábado, pelo interior do Maranhão. (Sandra Viana)
Publicado em Regional na Edição Nº 15739
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