Cerca de 4 mil congressistas - entre estudantes e profissionais da área da saúde - participaram das atividades do I Congresso Maranhense de Medicina, que terminou, nessa sexta-feira (6), no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana. No último dia do encontro, as palestras nas áreas de cardiologia, gastroenterologia, endocrinologia, neurologia e reumatologia superaram a expectativa de público.
No período da manhã aconteceram em diversas salas e no auditório do Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana, nove palestras reunindo uma enorme plateia de participantes formada em sua maioria por estudantes de medicina.
Entre as palestras destaque para o tema “Pé diabético”, que foi proferida pela doutora Geisa Maria Campos, endocrinologista, que apresentou aos presentes o modo de diagnóstico para reconhecimento do chamado pé diabético um dos problemas mais recorrentes e crônicos de quem é acometido pelo diabetes.
Um dos pontos evidenciados pela especialista durante sua exposição foi a importância de se reconhecer na estrutura do pé a pré-disposição de pacientes para o problema mediante a aspectos físicos que demonstram pré-disposição ao problema. “É preciso que se reconheça estes sinais para que se possa antecipar o tratamento de um pé neuropático onde apresenta temperatura elevada (pé quente), pele seca, e dormência”, disse.
Outro ponto destacado por ela foi o cuidado com as deformidades e calosidades que podem levar a problemas maiores e uma possível amputação de membros. “São sinais simples como, por exemplo, “apinhamento” dos dedos do pé, dedos em garra, e falta de flexão dos mesmos, que demonstram que é preciso se precaver de ulcerações que podem evoluir em problemas infecciosos mais graves chegando até amputação”.
Outra palestrante que apresentou inovações foi a professora doutora Leila Beltrão, médica gastroenterologista, titular da UPE (Universidade de Pernambuco), que proferiu palestras sobre “Epidemiologia de Hepatites Virais e Agudas” e “Interpretação Clínica dos Exames Bioquímicos em Hepatologia”.
Diretor da Unidade Clínica de Arritmia Cardíaca do Instituto do Coração (Incor) de São Paulo, o médico Mauricio Ibrahim Scanavacca ministrou palestra sobre “Fibrilação atrial - indicação e resultados da ablação por cateter”. Ele explicou que fibrilação atrial é a taquicardia mais freqüente no consultório dos cardiologistas. É um ritmo irregular proveniente dos átrios. Sua prevalência aumenta com o avançar da idade, atingindo mais de 10% dos idosos acima de 70 anos e pacientes portadores de doença cardíaca. “A fibrilação atrial reduz a qualidade de vida por palpitações, fadiga, dispneia, dor pré-cordial, sincopes e aumenta o risco de morte”, declarou.
O médico mostrou também os mecanismos e técnicas dos procedimentos de ablação da fibrilação atrial. “Ela é indicada para tratamento de pacientes que apresentam sintomas, controle da frequência cardíaca e anticoagulação e que já faz uso de drogas antiarritmicas”, ressaltou. Também mostrou os sistemas de mapeamento e navegação e os tratamentos da fibrilação atrial por ablação com radiofrequência.
O diretor científico do Instituto Dante Pazzanese (Dante) de Cardiologia, Marcelo Chiara Bertolami, falou sobre a redução do risco cardiovascular e prevenção de aterosclerose - enfoque nas novas estratégias de tratamento. O chefe da seção de Hipertensão e Nefrologia (Dante-SP), Celso Amodeo, falou sobre hipertensão resistente - que é pressão arterial que permanece acima da meta pressórica, apesar do uso de três doses de fármacos anti-hipertensivos.
À tarde, uma das palestras foi proferida pela neurologista Dóroty Trinta, que falou sobre demências, em espacial as que afetam pessoas acima dos 65 anos. De acordo com dados apresentados em sua fala, 25 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com estas doenças. Uma das mais comuns é a demência de Alzheimer. “Do ponto de vista neurológico todas as demências são ruins e um de seus principais prejuízos é isolar o indivíduo de suas famílias e do convívio social”, destacou a médica.
Ela frisou a importância de um acompanhamento médico ainda nos primeiros sinais das demências e que a luz amarela da atenção deve ser acesa quando há indícios fortes de esquecimentos e/ou dificuldades para realizar tarefas simples, como usar o telefone ou tomar banho. “O problema é que, na maioria das vezes, quando estes pacientes chegam ao consultório, a doença já esta em estado avançado”, lamentou Dóroty Trinta.
A seguir, o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Geraldo Rocha Castelar Pinheiro, participou de uma mesa redonda e falou sobre artrite gotosa, seu diagnóstico e formas de tratamento. “A gota é uma doença que acomete principalmente homens com faixa etária dos 30 aos 45 anos e que se caracteriza pela inflamação das juntas devido ao aumento do ácido úrico”, explicou o médico.
Conclave reúne presidentes
das academias de medicina
Também no Centro de Convenções foi realizado, como parte do Congresso, ontem o XIV Conclave da Federação Brasileira de Academias de Medicina (FBAM), aberto pelo presidente da entidade, José Leite Saraiva. O encontro congregou os membros da federação e observadores (médicos e estudantes da área médica), para discutir temas relacionados às práticas e ética profissional no exercício da medicina.
José Leite Saraiva ressaltou a importância do conclave e o papel da academia, quanto à contribuição da entidade no campo das discussões profissionais no exercício da medicina e a produção de literatura e conhecimento.
Segundo o subsecretário de Estado de Saúde, José Márcio Leite, o Conclave, assim como todo o Congresso, foi uma oportunidade de se discutir os temas relevantes para a sociedade médica, uma oportunidade única para que os estudantes possam desfrutar e corroborar com o pensamento de grandes estudiosos da medicina. “É gratificante ver que os estudantes estão maravilhados com a possibilidade de poder conhecer de perto e ouvir grandes autores de livros de medicina que são até utilizados por eles em salas de aula”, disse.
A palestra de abertura do Conclave foi ministrada pelo doutor Cláudio Lourenzo, presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, com foco na conduta ética. “A importância de se fazer a bioética está na compreensão de que a ética profissional não deve estar atrelada somente a normas de condutas, mas intrínseca no exercício da profissão, onde nos deparamos com casos de eutanásias e outros em que as pessoas morrem precisando de um respirador e por falta de outros equipamentos necessários à manutenção de uma sobrevida”, explica.
Na programação do Conclave também foi apresentado um simpósio sobre “Dilemas da Relação Público - Privado na Saúde no Brasil”, e a conferência sobre “ 400 anos de Historia da Medicina do Maranhão”, proferido por José Márcio Leite.
Cirurgias de correção de hérnia
são realizadas no Hospital Geral
Vinte e oito pessoas foram submetidas, nessa sexta-feira (6), no Hospital Estadual de Alta Complexidade Tarquínio Lopes Filho (Geral), a cirurgias de correção de hérnia. As intervenções, que contaram com a participação de cirurgiões de outros estados, era uma das etapas do 21° Congresso de Cirurgia Minas Brasil 2012 e I Congresso Maranhense de Medicina - realizados esta semana em São Luís.
O coordenador da Clínica Cirúrgica do Hospital Tarquínio Lopes Filho, Manoel Francisco da Silva Santos, explicou que a demanda por cirurgia de correção de hérnia é grande e são realizadas em média 450 cirurgias/mês. “Os pacientes atendidos, hoje, são de municípios maranhenses e que estavam com seus exames atualizados e esperando para serem chamados e operados”, informou.
Este é o terceiro mutirão de hérnia realizado pelo Hospital. O diferencial foi a participação de cirurgiões de outros estados, como o presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia, Flávio Malcher, e os especialistas em cirurgias de parede abdominal Alcino Lázaro da Silva (Minas Gerais) e Renato Machado (Rio de Janeiro). A técnica utilizada nas cirurgias é de colocação de telas de baixa densidade. “Ela possibilita menor reação inflamatória dos tecidos e uma recuperação mais rápida do paciente”, justificou Manoel Francisco.
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