O país vive um momento de mais tranquilidade do ponto de vista do abastecimento energético e a tendência é de que não venha a enfrentar problemas de falta de energia elétrica pelos próximos dois a três anos. A afirmação é do diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, que participou ontem (23) da abertura do seminário Desafios para a Regulação de Energia e Transportes, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

Para Barata, os empreendimentos que estão entrando em operação, como é o caso da Usina de Belo Monte, e o clima mais favorável aumentam a garantia de suprimento. “Temos uma série de eventos entrando em operação, e eu citaria ai, com destaque, Belo Monte. As condições climáticas estão melhores, apesar de estarmos na fase final do [fenômeno] El Niño. Mas ainda temos que aguardar mais um mês para ver a situação com mais clareza”, ressaltou.
Barata também defendeu a necessidade de revisão do modelo energético brasileiro, para se adequar à nova realidade do mercado e suas variantes do ponto de vista das fontes abastecimento de energia, como a eólica. “O modelo, do meu ponto de vista, é robusto, tem bases sólidas, mas já requer uma revisão, porque ao longo destes doze anos, desde o racionamento, tivemos uma série de alterações que nos obrigam a olhar o modelo como um todo e de forma integrada”.
Segundo o diretor é chegada a hora de se rediscutir o setor e encontrar novas alternativas que o adequem aos avanços tecnológicos. “Tivemos mudanças importantes, que se caracterizam pela evolução tecnológica, de preços e de novas fontes de energia - como a eólica – que modificam substancialmente a forma de operar o sistema.”
O diretor-geral do ONS disse que a discussão do modelo deve ocorrer em hora de menor demanda e maior garantia de provimento de energia. Passamos por uma situação muito grave do ponto de vista econômico e, pela primeira vez, com redução do consumo, nos é permitido enfrentar melhor o problema e analisar com mais profundidade a revisão do modelo”.
“Acho que este é o momento adequado para que nos debrucemos e olhemos o modelo como um todo, analisando profundamente tanto a questão do planejamento, quando da operação e da comercialização. Acho que este é o momento adequado para que olhemos o modelo de forma integrada”, afirmou.

Geração térmica

O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico defendeu a necessidade de se reduzir a geração de energia proveniente das usinas térmicas, o que, segundo ele, vai “seguramente” baratear os custos de operação do sistema. “É difícil dizer de quanto [será este barateamento], até porque cabe ao órgão regulador falar sobre isto, aferir o impacto [da retirada das térmicas] sobre a tarifa.”
Luiz Eduardo Barata disse que o sistema está gerando, do ponto de vista do despacho, por ordem de mérito, acima de cerca de 3 mil megawatss (MW). “Se reduzirmos este percentual, teríamos uma economia de R$ 200 milhões mensais no custo da energia. Agora, o quanto isto teria de impacto, do ponto de vista da redução de tarifa, a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] é o órgão mais indicado para falar a respeito.” (Agência Brasil)