SALVIO DINO
Ninguém melhor do que o mestre municipalista Hely Lopes Meirelles, a fim de pavimentar o caminho real das competências municipais à luz da nossa Lei Maior. De feito. Diz ele: “O fulcro da competência administrativa do município é o inciso do art. 30 da CF. segundo o mencionado dispositivo, e aos Municípios “Legislar sobre assunto de interesse local”. Nessa esteira legal, “o serviço funerário é a competência municipal, por dizer respeito a atividades de precípuo interesse local”.
Sendo assim e, assim é, cabe ao gestor público municipal por expressa determinação constitucional, administrar, cuidar, zelar o “Campo Santo”, pois este é o bem público de uso especial, pra donde, todos nós, um dia iremos.
Pois bem. Tempos atrás, quando estive à frente da Municipalidade / João Lisboa encontrei o cemitério da cidade mais parecendo uma Terra Arrasada”. Não era nem cercado. Aliás, via-se um pedaço de cerca, feita de arame farpado, abandonado no chão. Os espaços destinados às sepulturas já insuficientes... Os nossos mortos eram, pasmem o leitor(a), enterrados, uns quase por cima doutros... Sim. cadê espaço para adequadas covas? Era, “não é mentira não”, um Deus nos acusa! Diante dos justos reclamos. Das merecidas reivindicações da comunidade Joãolisboenses, de bem querer, mudamos a roupagem/pintura da Casa dos nossos Mortos. Como assim? (Re) construímos totalmente o antigo cemitério. Tiramos os pedaços já podres, de fazer vergonha, de cerca de arame farpado. Mandamos amurar os quatros cantos da “Casa dos nossos saudosos entes queridos”. Mandamos limpar (tirar o matagal) que tanto a enfeava e, de quebra, construímos uma bem aconchegante Capela destinada aos cultos em homenagem aos nossos irmãos que já fizeram a grande viagem, sem retorno. Fizemos mais: batizamos nosso Campo Santo de Campo Santo da Gameleira e mandamos ainda, plantar em frente, na sua principal entrada na Avenida Industrial, uma alameda de Gameleiras, o símbolo maior de nossa cidade. Os joaolisboenses ficaram satisfeitos. Só não ficaram totalmente, em virtude do um mal que consume há tempos nossa comunidade no setor, ou seja: a brutal, inconcebível, inexplicável, falta de espaço físico a fim de se enterrar nossos irmãos, quando Deus acha ser a hora de levá-los... É velho, sim senhor, esse “cancro” em nosso organismo social. Tentamos, curá-lo! Não conseguimos, embora tenhamos melhorado a situação, quando à época adquirimos uma faixa de terra, logo ao lado da “última morada” de todos nós. Pouco ou nada adiantou. O problema continuou sempre crescente, os gestores, que vieram depois de nós. Enfrentaram e não resolveram tão cruel desafio.
E, agora? Como nos ensina o livro Sagrado, na vida a tempo pra tudo, até pra chorar e sorrir... pra jogar pedras e juntá-las... Com certeza, está na hora de se juntar todas as pedras que ao longo dos anos vem a comunidade jogando em todos nós outros gestores que não solucionamos o doloroso questionamento. Juntá-las e colocá-las onde? Ora, bem atrás do nosso Campo Santo existe uma área de 4.500 m², maior do que a ocupada por ele. Está exposta à venda. Ela, a tal área proporciona mais de 2.500 covas a serem utilizadas no momento oportuno. O proprietário dessa autêntica “joia”, Sr Sabino Ribeiro da Silva, residente em Imperatriz, já ofereceu às nossas autoridades municipais. Falta tão somente a manifestação delas. A comunidade joãolisboense está clamando por uma solução imediata pra tão demorado problema social. Se não há mais lugar pra enterrar nossos mortos, pelo menos há lugar, sim senhor, pra que nossas autoridades com boa vontade deem aos nossos entes queridos que já se foram... um justo lugar ao sol... Assim pesamos todos nós... Assim pensa, com certeza, o nosso bem amado padre Moisés tão ansioso por dias melhores para João Lisboa.
Publicado em Regional na Edição Nº 14871
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