Trator puxa caminhão de atoleiro
Muita lama na Transamazônica dificulta o tráfego de veículos
Motorista da Transbrasiliana, José Pereira, amarra o para-choque do ônibus que se soltou durante a travessia do lamaçal

Por Lima Rodrigues *

É sofrível a situação dos motoristas que trafegam pela rodovia Transamazônica no trecho que nunca foi asfaltado por motivos nebulosos, entre o posto fiscal do Araguaia, já no estado do Pará, depois da ponte da divisa do Tocantins com o Pará e o município paraense de Brejo Grande. Bastou apenas caírem as primeiras chuvas na região para que partes da rodovia – sem asfalto – se transformassem em um verdadeiro Deus nos acuda para os motoristas, especialmente os de caminhões e carretas.
Em dois trechos os caminhões e carretas só sobem a ladeira puxados por trator. Além de a ladeira ser empinada, há muitos buracos na área por causa da chuva e isso acaba provocando excesso de lama. Com a lama, os veículos pesados patinam, atolam e não conseguem trafegar, conforme as fotos feitas no final da tarde da última segunda-feira.
Ninguém sabe explicar o que houve naquele trecho. Há comentários de que alguém levou uma grana e o asfalto não foi concluído de Marabá até a beira do Araguaia. É preciso uma investigação do Ministério Público Federal para se averiguar o verdadeiro destino do dinheiro e por que a obra não foi concluída naquele trecho, que na realidade é dividido em dois – sem asfalto: um de 4 km e outro de 10 km, totalizando 14 quilômetros que se tornam intermináveis para quem passa por lá de ônibus, caminhão e ou carro pequeno.
Tem motorista que se arrisca a passar por uma precária ponte e seguir por dentro do município de Palestina para pegar o asfalto da Transamazônica lá na frente, em direção a Marabá, a ter que enfrentar os atoleiros e a ladeira do trecho sem asfalto na rodovia federal, construída no início da década de 1970.
O motorista de carreta, o paranaense Pedro Martinelli, que estava atolado no barro e aguardava ser puxado por um trator, reclamou do descaso das autoridades: “É lamentável a nossa situação. Passo por aqui há muitos anos e esse trecho sempre fica ruim em época de chuvas. Quem sofre com isso somos nós, os motoristas de caminhões, que levamos o desenvolvimento para os municípios do Norte do país, além das pessoas que utilizam ônibus, vans e automóveis”, disse.
Para o motorista da Transbrasiliana - uma empresa pioneira no transporte de passageiro nos estados do Maranhão, Tocantins e Pará, José Alves Pereira, que trabalha na empresa há quatro anos, “é cruel a situação dos motoristas e todos sofrem demais com a situação daquele trecho da rodovia”. José Pereira, que tem 42 anos e há 17 trabalha como motorista profissional, teve equilíbrio, profissionalismo e tranquilidade para conduzir o ônibus pelo lamaçal e não ficar atolado. Ele foi elogiado pelos passageiros, já que teve motorista de ônibus que deu meia volta e foi procurar outro destino para chegar a Imperatriz ou a Marabá.
É preciso que o governo do Pará e os deputados estaduais, federais e senadores resolvam o problema da falta de asfalto no trecho entre o posto fiscal do Araguaia (PA) e a cidade de Brejo Grande, também no Pará. Os motoristas agradecem.
Se as chuvas estão só começando, imagine quando janeiro chegar...

* Lima Rodrigues, 52, é jornalista e radialista.