Oito em cada dez atendimentos por acidentes de transportes no SUS são entre motociclistas. Com proposta de integrar, proteger vidas e reduzir o número de acidentes nas estradas o Governo federal lança Operação Rodovida 2019

A cada dez atendimentos por acidente de transporte realizados em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), oito são entre motociclistas. Dados mostram que os homens representaram 67,1% dos atendimentos nas unidades de saúde e as mulheres 50,1%. A faixa etária mais acometida são os jovens entre 20 e 39 anos. Os dados fazem parte da pesquisa VIVA Inquérito 2017, realizada a cada três anos pelo Ministério da Saúde em unidades específicas que participam do levantamento, que tem como objetivo subsidiar políticas públicas com dados fidedignos, prevenir a ocorrência de casos, garantir cuidado em saúde e encaminhamento das vítimas para rede de atenção à saúde de todo o país.
Com o objetivo de reduzir a violência no trânsito e os custos sociais decorrentes, o Governo Federal lançou, nesta sexta-feira (20), a Operação Rodovida 2019. A proposta é integrar e proteger vidas no trânsito, evitando acidentes. A ação é um esforço integrado de vários órgãos federais, como o Ministério da Saúde, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Ministério da Infraestrtura, em articulação com estados e municípios. Além das ações educativas e de fiscalização que ocorrem todos os anos, a PRF atuará na realização de perícia em acidentes e na produção de Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) quando houver infrações até o dia 1º de março.
Em 2018, os acidentes de trânsito causaram 183,4 mil internações que custaram R$ 265 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). Esses acidentes respondem por boa parte das internações hospitalares e pela maioria dos atendimentos de urgência e emergência, que geram altos custos sociais, como cuidados em saúde, perdas materiais e despesas previdenciárias, além de grande sofrimento para as vítimas e seus familiares. Em 2017, o número de internações foi de 181,2 mil ao custo de R$ 259 milhões, sendo que mais de 50% das internações envolveram motociclistas.
O período de férias, festividades de Natal e Ano Novo e o Carnaval elevam consideravelmente o fluxo de veículos que circulam nas rodovias federais de todo o país. Com a maior movimentação, cresce também a possibilidade de ocorrência de acidentes, daí a importância da iniciativa em buscar integração a fim de prevenir acidentes e coibir condutas que colaboram para a ocorrência desses.
Além do desenvolvimento de ações nos trechos mais críticos de acidentalidade, levando em consideração dados estatísticos, o Rodovida se propõe a preservar vidas priorizando não só o trabalho de fiscalização e educação para o trânsito. A Operação buscará também extrair da competência de cada ministério e instituição integrante meios de fomentar novas políticas de segurança viária, incluindo propostas legislativas e operacionais.
Em parceria com estados e municípios, o Ministério da Saúde desenvolve, desde 2010, uma ação nos pontos com maiores problemas e maior fiscalização, principalmente no que se refere ao "álcool e direção" e à velocidade excessiva e/ou inadequada. O Projeto Vida no Trânsito ressalta a importância da articulação do setor saúde com o trânsito no cumprimento do Código de Trânsito Brasileiro nos componentes da vigilância (informação qualificada, monitoramento das lesões e mortes e fatores de risco), prevenção e cuidado pré-hospitalar, hospitalar e de reabilitação ofertado às vítimas.

RODOVIDA

O Rodovida é uma das estratégias do governo brasileiro para que o país cumpra os objetivos da Década de Ação pela Segurança no Trânsito, lançada em 2011 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Brasil e outros 152 países se comprometeram a adotar medidas efetivas para reduzir em 50% o número de mortes no trânsito até 2020. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que o custo social de acidentes em rodovias federais chegou a R$ 12,8 bilhões em 2014.
A ação abrange campanhas educativas, aumento da fiscalização, melhoria da sinalização, parcerias com empresas concessionárias de rodovias federais, ações específicas com caminhoneiros, etc. Além do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação, estão envolvidos na iniciativa os ministérios da Justiça e Cidadania; Cidades; Saúde; a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); a Polícia Rodoviária Federal (PRF); e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). (Por Jéssica Cerilo, da Agência Saúde)