O ministro da Saúde, Arthur Chioro, prestou esclarecimentos nessa sexta-feira (10) sobre o primeiro caso suspeito de Ebola no Brasil. O paciente, de origem da Guiné (país que registra epidemia da doença), foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento de Cascavel (PR) e transferido para o Instituto de Infectologia Evandro Chagas (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Durante a entrevista, o ministro explicou que a situação está sob controle e que todos os procedimentos previstos nos protocolos brasileiros foram aplicados com êxito.
“O sucesso da operação se deve à pronta ativação dos protocolos que foram seguidos, de maneira exemplar, pelos profissionais de saúde de Cascavel. Eles identificaram o caso suspeito, realizaram o isolamento adequado do paciente e notificaram imediatamente às autoridades”, observou. O ministro também destacou o êxito no transporte e atendimento do paciente no Instituto de Infectologia Evandro Chagas. O resultado do exame, que irá confirmar ou descartar o caso, deverá ser concluído em até 24 horas. Nas duas hipóteses, ou seja, se caso for confirmado ou descartado, será feito um segundo exame, que deverá ficar pronto em 48 horas, após a primeira coleta.
O homem, de 47 anos, saiu de Guiné, na África Ocidental, no dia 18 de setembro, com conexão em Marrocos, e chegou ao Brasil em 19 de setembro. O caso suspeito informou ter começado a sentir os primeiros sintomas na última quarta-feira (08) e procurou atendimento médico nessa quinta-feira na UPA de Cascavel.
No momento em que foi atendido na UPA, o caso suspeito só apresentava febre, sem os outros sintomas típicos da doença, como diarreia, vômitos. Seu estado de saúde é bom e está mantido em isolamento total. No Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (RJ), foi colhido sangue e enviado para análise laboratorial no Instituto Evandro Chagas, no Pará, que pertence à Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.
Além do Ministério da Saúde, participaram da ação a Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel e as secretarias dos estados do Paraná e do Rio de Janeiro, Instituto de Infectologia da Evandro Chagas (Fiocruz) e o Instituto Evandro Chagas, no Pará.
Simulado - Para colocar em prática as medidas adotadas pelo Governo Brasileiro em resposta a um eventual caso suspeito de Ebola em viajante internacional, foram realizados simulados em aeroportos do Rio de Janeiro (29 de agosto) e São Paulo (16 de setembro). As simulações serviram como treinamento das instituições envolvidas na detecção e resposta, em condições que simulam um caso real.
O ministro avaliou que os simulados foram muito importantes e serviram de aprendizado para calibrar o tempo de resposta e checar procedimento. “Mas a situação real é diferente, o que envolve o estresse e urgência diferentes. Isso reforça ainda mais o êxito das medidas tomadas pelo Brasil”, ressaltou. Chioro anunciou que o próximo simulado, coordenado pelo Ministério da Saúde, será no Porto de Santos.
Investigação - O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, que também participou da entrevista coletiva, destacou que todos os possíveis contatos do paciente foram investigados. “Todos são considerados de baixo risco para contágio, de acordo com os protocolos internacionais. Isso porque o paciente não vomitou, não apresentou hemorragia nem tem diarreia. Então, nenhum dos contactantes teve contato com sangue ou fluidos corporais dele, que são a via de transmissão”, ressaltou Barbosa. Entretanto, ele esclareceu que todos serão monitorados pela equipe de investigação por 21 dias, período máximo de incubação.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) veicula mensagem sonora nos aeroportos brasileiros com recomendações a passageiros de voos internacionais com sintomas como febre, vômito, diarreia, sangramento, manchas no corpo ou tosse a procurar atendimento médico, além de orientar a informar ao profissional de saúde os países em que passaram.
O Governo Federal doou R$ 1 milhão para a Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de fortalecer as ações para a interrupção da transmissão do ebola nos países acometidos pela epidemia. Além disso, o Ministério da Saúde enviou, no total, 14 kits para Libéria, Serra Leoa e Guiné. Compostos por 48 itens, sendo 30 tipos de medicamentos, incluindo antibióticos e anti-inflamatórios, e 18 insumos para primeiros-socorros, como luvas e máscaras, cada kit pesa 250 kg e é capaz de atender 500 pessoas por três meses.
(Carlos Américo, da Agência Saúde- Ascom-MS)