SÃO LUÍS - A informatização provocou diversas mudanças nas relações políticas, econômicas e sociais. E como parte essencial para o funcionamento da sociedade, a educação também apresentou grande evolução, principalmente com a utilização das metodologias ativas de aprendizagem.
Essa nova dinâmica não remete em nada o modelo passivo, mais conhecido e praticado até hoje na grande maioria das instituições de ensino do Brasil e do Maranhão, onde o aluno acompanha quase que inerte a disciplina ministrada pelo professor, por meio de aulas expositivas, com aplicação de avaliações e trabalhos.
Já na metodologia ativa, o aluno é personagem principal e o maior responsável pelo processo de aprendizado. Sendo assim, o objetivo desse modelo de ensino é incentivar a comunidade acadêmica a desenvolver a capacidade de absorção de conteúdos de maneira autônoma e participativa.
O conceito de aprendizagem ativa existe desde o início dos anos 90. Embora o termo abranja um amplo cenário de abordagens diferentes, seu ponto principal é "centrado no aprendiz".
O principal objetivo da aprendizagem ativa é colocar o aluno como corresponsável do seu processo de aprendizagem. É também o exato oposto do aprendizado passivo - onde a relação entre aluno e instrutor de alguma forma se assemelha ao de um aprendiz e mestre. Neste caso, o professor ensina enquanto o aluno simplesmente memoriza e assimila.
Metodologias ativas de aprendizagem, por outro lado, designam o papel de facilitador para o professor. Em vez de meramente transmissor de conhecimento, o professor age como um guia. A tarefa do facilitador é permitir que os alunos aprendam sozinhos por meio de diferentes atividades de treinamento ativo.
Essa interação não se dá apenas entre o professor e aluno, mas na sala de aula que ganha o novo formato, favorecendo o trabalho em equipe. O celular, por exemplo, antes proibido em sala de aula, passa a ser utilizado como uma ferramenta de pesquisa, com o uso de aplicativos que auxiliam na busca do conhecimento. 
O método ativo já existe no Maranhão, numa experiência pedagógica do Serviço Social da Indústria (SESI) em São Luís e Imperatriz, onde oitenta alunos do 1º ano do Ensino Médio Itinerário de Formação Técnica e Profissional substituíram as aulas expositivas por conteúdos virtuais, com acesso aos conteúdos on-line, para que o tempo em sala seja otimizado.  Isso faz com que esses alunos cheguem com um conhecimento prévio e apenas tire dúvidas com os professores e interajam com os colegas para fazer projetos, resolver problemas ou analisar estudos de caso. Tal fato incentiva o interesse das turmas nas aulas, fazendo com que a classe se torne mais participativa.
Os alunos apresentam benefícios com a utilização das metodologias ativas, pois adquirem maior autonomia; desenvolvem confiança; passam a enxergar o aprendizado como algo tranquilo; tornam-se aptos a resolver problemas; tornam-se profissionais mais qualificados e valorizados; tornam-se protagonistas do seu aprendizado e os professores percebem a satisfação dos alunos no ambiente da sala de aula e a melhoria da percepção dos alunos relação a sua instituição escolar.
Já os professores se beneficiam com um melhor planejamento de aula e com a utilização de recursos variados, nos mais diversos formatos como vídeos, imagens e textos. Afinal, cada um tem um jeito de aprender. Dessa forma, é possível melhorar a concentração e dedicação dos alunos também nos encontros presenciais, sem que os professores se desgastem.
"Como professor, percebo que o uso de Metodologia Ativas é uma inovação. Nós tínhamos a ideia de que o professor era o protagonista da sala de aula, o mentor do conhecimento. Com essa nova metodologia no ensino médio, todo mundo aprende, o aluno aprende a ser o dono de seus próprios saberes, ele é pesquisador de suas próprias conclusões. É positiva essa mudança de papeis, agora somos mediadores!", destacou o professor de linguagem do SESI, Evilson Nogueira.  
Para o aluno do SESI, André Vinicius Aires, 16, o Ensino Médio Itinerário de Formação Técnica e Profissional é o ensino da renovação porque, antes recebíamos conceitos, agora aqui, nós formulamos os conceitos, e isso é gratificante para os alunos, quando a gente tem a vontade de pesquisar e ver que de fato aprendeu!", enfatiza ele que aprovou a mudança.
"O pensamento criativo, as habilidades colaborativas e interpessoais também mostram uma grande melhoria quando as metodologias ativas de aprendizagem são implementadas. Os benefícios mais importantes, porém, têm a ver com o engajamento do aluno. O elemento mais importante do sucesso na criação de um ambiente de aprendizagem proativo é a motivação. Além disso, o aprendizado ativo também melhora a percepção e a atitude dos alunos em relação ao seu próprio ensino. Todas estas são atitudes críticas no estabelecimento de um ambiente de aprendizagem ativo!", destaca a supervisora educacional do SESI, Ana Deyse Pereira.
"O foco passa a ser o diálogo com os alunos, a sondagem de conhecimentos prévios e percepções sobre o tema em questão com incidência na problematização, contextualização e aplicação prática dos conhecimentos. É uma parceria entre professor e aluno na busca pelo conhecimento. A ideia é estimular a autonomia intelectual dos alunos por meio de atividades planejadas pelo professor para promover o uso de diversas habilidades de pensamento como interpretar, analisar, sintetizar, classificar, relacionar e comparar. É, acima de tudo, promover o trabalho partilhado com seus pares. Aula com metodologia inovadora exige docente com atitude inovadora. Transmitir o conhecimento na mesma frequência dos jovens. Não podemos oferecer um ensino analógico para esta geração digital que está em nossas salas de aula. É preciso abandonar o conceito de que giz, lousa e saliva transmitem conhecimento. O aluno precisa ver funcionando tudo aquilo que é mostrado pelo professor", define o superintendente interino do SESI-MA, Marco Moura.
A inovação não se aplica apenas à metodologia, mas ao fato de os alunos não usarem cadernos e sim fichários definidos como portfólios, e não terem notas numéricas como resultados da avalição e sim conceitos, além dos professores que passam por treinamentos para se adequarem a essa nova forma de ensino, inclusive com planejamentos semanais e reuniões mensais. 
"Os alunos são avaliados todos os dias. A avaliação é continua e de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), onde as questões qualitativas, cooperação, empatia, o trabalho em equipe e a liderança são pontuadas. Essas qualidades são importantes para que o aluno esteja preparado para o mundo do trabalho. Dentro da proposta do novo ensino médio o importante é o conhecimento. Se ele tiver o conhecimento ele pode desvendar o mundo!", finaliza o professor do SESI, Evilson Nogueira.
"A socialização entre os alunos é um ponto muito forte nesse novo ensino médio. Nos instiga a buscar novos conhecimentos", destacou a aluna do SESI em Imperatriz, Maria Victoria Lima.  
"É uma metodologia marcante pela diferença que é o ensino, a forma como é abordada pelos professores. A gente busca o conhecimento e é muito interessante como é diferente e espontânea. É uma experiência marcante para mim e como para os meus colegas!", disse a aluna Luana Letícia, 15, de São Luís.
O gerente-executivo de Educação do SESI Nacional, Sérgio Gotti, fala sobre os desafios de construção e implementação do novo modelo, especialmente de um currículo integrado por áreas de conhecimento e não mais por disciplinas. 
"O novo ensino médio prevê realmente uma integração. Então a matemática e a física, por exemplo, falam muito melhor com a educação profissional, evitando superposição ou repetição de habilidades. Além disso, estamos trabalhando por áreas de conhecimento e não mais por disciplinas, o que é um ganho enorme, porque é muito difícil na atualidade alguém pensar dentro de caixinhas. Ou seja, é uma mudança fortíssima de paradigma que obriga todos a terem um pensamento não mais compartimentado por caixa, de que cada um cuida apenas de seu espaço sem se importar com o que acontece com as demais áreas. Além disso, ainda é muito difícil que o professor da educação básica e da educação profissional planejem juntos com uma visão total da educação. E é um desafio enorme para todos nós", destaca o gerente. 
Para Gotti, a Lei 13.415/2017 implanta mais do que um novo formato nessa fase escolar. É uma "mudança fortíssima de paradigma que obriga todos a terem um pensamento não mais compartimentado por caixas". O projeto trabalha com competências e habilidades, na construção de cidadãos com capacidade de pensar de forma ampla e crítica diante dos desafios de um mundo em profunda transformação tecnológica.