Por Jalila Arabi

O número de beneficiários de aposentadoria com menos de 60 anos cresceu na região Nordeste. Segundo estudo divulgado nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), essa parcela da população foi de 2,2% em 1992 para 2,8% em 2015. A proporção de pessoas com 60 anos ou mais recebendo o benefício também aumentou, pulando de 71,9% para 79,2% no mesmo período.
O estudo comprova, ainda, que o número de aposentados no Brasil passou de 8,2% para 14,2% entre 1992 e 2015. E a tendência é que esse número aumente. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em quatro anos, o número de idosos subiu 16%. A pesquisa destaca que a expectativa de vida do brasileiro foi de 75,8 anos em 2016. "O envelhecimento já está tendo impacto e isso implica a necessidade de ajustes", comenta o autor do estudo e coordenador de Previdência Social do Ipea, Rogério Nagamine.
Apesar desse aumento, o Maranhão foi o estado com a menor expectativa de vida em todo o País. No ano passado, os maranhenses viviam até 70,6, média bem abaixo da nacional. Mas, ainda assim, cresceu em relação aos anos anteriores - 70 anos em 2014 e 70,3 em 2015. "Isso é um ponto muito positivo, porque foi uma conquista social, conquista do povo brasileiro em conseguir ter uma expectativa de vida maior. Para se ter ideia, em 1940 a expectativa de vida era de 45,5 anos, aproximadamente", compara o especialista em finanças Marcos Melo.

Antes do tempo
De acordo com o estudo, a idade média de aposentadoria no ano passado foi de 54 anos - 55 para os homens e 53 para as mulheres. "O problema maior é uma distorção que eu acho conceitual, que é, na verdade, você estar pagando um benefício de aposentadoria para pessoas que estão em plena capacidade laboral e que, muitas vezes, continuam trabalhando", diz Nagamine.
O Brasil é um dos poucos países sem idade mínima definida para aposentadoria. Para especialistas, a introdução desse item no sistema previdenciário poderia aliviar a situação. "O sistema da previdência, como é hoje, foi montado de acordo com a expectativa de vida que era no passado, que era muito menor do que hoje. O que ocorre é que, atualmente, as pessoas vivem muito mais, recebendo valores de benefícios por muito mais tempo, tendo basicamente contribuído, se a gente puder dar a mesma proporção, o que era no passado. Então se você pagasse a mesma coisa e recebesse muito mais, é claro que tem um desequilíbrio, então precisa ser ajustado", defende Marcos Melo.
Proposta pelo atual Governo, a reforma da Previdência que definir a idade para o trabalhador se aposentar - 65 para os homens e 62 para as mulheres. (Agência do Rádio Mais )