Nessa última terça-feira, 27/12, na Igreja Matriz de João Lisboa-MA, comparecem os eleitos para o Executivo e Legislativo municipal com o objetivo de agradecimentos. Assim, os recebemos. É com muita alegria, de coração e braços abertos, que a Mãe Igreja acolhe cada um de vocês, neste grande momento de Ação de Graças. Agradecer é, acima de tudo, reconhecimento, pois não se consegue nada se não for de uma fonte ou de alguém superior. No momento presente, estamos aqui nesta casa de oração para agradecer ao Deus Vivo e Verdadeiro, por suas graças e bênçãos em nossas vidas. Deus mesmo quer que não lhe sejamos ingratos.
Lembramos, aqui, quando Jesus ficou aborrecido ao curar os 10 leprosos e apenas um voltou para lhe agradecer: “Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz. Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano. Jesus lhe disse: Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove? Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?! (Lc 17,15-18). Isso mostra com clareza que agrada a Deus nosso reconhecimento pelas graças que nos concede a cada momento. “Em tudo dependemos de Deus; Ele nos deu a vida, o existir, o ar que respiramos, a água que bebemos e o alimento que nos sustenta. Tudo nos é dado por sua bondade, onipotência e amor. ‘Porque é ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas’ (At 17,25)”, diz Prof. Felipe Aquino. Deus está sempre no comando de nossas vidas e sabe o que é melhor para todos.
À luz destas palavras louvamos e agradecemos a Deus pela salutar iniciativa deste Governo Municipal, de João Lisboa, de vir agradecer a Deus aqui na Casa da Padroeira. É um tempo muito favorável para agradecer. Estamos, ainda, no Tempo do Natal (o natal do comércio e pagão terminou no último dia 24/12, mas para nós cristãos católicos continua até domingo na Festa da Santa Maria, Mãe de Deus) e nas expectativas da chegada do Ano Novo, nos quais as esperanças e sonhos de mudanças e crescimentos se renovam na busca de realização e felicidade plenas. Que bom que vocês vieram reconhecer a ajuda e a intervenção divina nesta importante conquista e vitória eleitoral em prol do nosso povo de João Lisboa. Parabenizamos a todos, também, por causa da tamanha humildade de reconhecer que foi Deus quem vos quis à frente do seu povo. No entanto, saibam que nosso agradecimento não pode aumentar a sua felicidade e nem a sua glória, que são infinitas, mas nos tornam melhor, nos engrandece, nos santifica, nos faz mais humildes e dependentes de Deus.
Caracterizamos, no atual contexto que vivemos, este grande ato do Governo Municipal de João Lisboa, de agradecer a vitória e de pedir a proteção divina, para os próximos 04 (quatro) anos de gestão, como um gesto profético e de confiança absoluta em Deus. Pois, no cenário nacional, não estamos vivendo dias fáceis. Na dimensão sócio-cultural-religiosa estamos assistindo uma sociedade que avança e insiste em caminhar sem Deus, seu Criador. Busca-se Deus apenas como satisfação imediata e temporal, como conforto espiritual e econômico, Deus passou a ser uma simples instituição financeira; muitas manifestações religiosas passaram a ser puramente acontecimentos sociais; não existe a experiência do encontro pessoal e transformador com o seu Projeto de Reino e fazer sua Santa Vontade. Por outro lado, na esfera político-econômica, nos deparamos com a maior crise institucional e de valores da história do nosso país. Cresce a descrença ou desconfiança do povo na política e nos políticos. Pois o poder econômico prevalece na compra da dignidade e da moral; os interesses individuais estão acima dos interesses coletivos; os noticiários abordam assuntos generalizados de corrupção na política nacional; o próprio poder judiciário, na sua instância máxima o STF (Supremo Tribunal Federal), se mostrou inoperante quanto à defesa da Constituição Federal que garante os direitos fundamentais da população brasileira; enquanto, isto, o povo está sofrendo e sem rumo, e muito pior, mais pobre e miserável.
Mas, diante de todos estes acontecimentos, não podemos perder a esperança e a fé. Por isto, estamos aqui diante do Deus da Vida e da Esperança. Nesta certeza, vamos iluminar nossa caminhada e nossos projetos futuros com a graça de Deus. Façamos a luz resplandecer em nossas vidas em dois importantes momentos. No primeiro momento, vamos ter como foco e orientação a Palavra de Deus que hoje escutamos. Em segundo lugar, ouviremos as palavras do Santo Padre o Papa Francisco, o embaixador de Jesus Cristo para a humanidade. 
A Santa Mãe Igreja, hoje no mundo inteiro, na sua liturgia celebra a solenidade de São João, Apóstolo e Evangelista. Ao dia seguinte de Natal, a Igreja celebra a festa do primeiro mártir da fé cristã: Santo Estevão. E ao dia seguinte, a festa de São João, aquele que melhor e mais profundamente penetra no mistério do Verbo encarnado. São João foi o último dos Apóstolos a morrer, devido às perseguições foi preso na Ilha de Pathmos (atual Turquia) onde morreu aos 90 (noventa) anos, o único que não foi martirizado. Ele é representado pela águia, que é única criatura que olha para o sol e não se ofusca no olhar. Para São João Jesus Cristo Encarnado-Crucificado-Ressuscitado é o Sol da Justiça. Por causa disto a Palavra de Deus que ouvimos em sua memória, fala de esperança, vida nova e ressurreição.
Assim, no Salmo 96,1-2, o salmista canta,  – “Ó justos, alegrai-vos no Senhor! Deus é Rei, seu trono se apóia na justiça e no direito”. Para nós cristãos isto significa que a terra inteira se alegra pela possibilidade de estabelecimento do reinado de Deus sobre a terra. A luz que se levanta para os justos é a perspectiva de uma vida nova em Jesus Cristo. Diante do Senhor que vem, todas as nossas dúvidas são esclarecidas, todas as nossas inquietações desaparecem e nós conseguimos manifestar a verdadeira alegria. Este é um tempo propício para que nós nos deixemos iluminar pela luz da esperança de uma vida renovada, porque Jesus quer nascer novamente no nosso coração. Ou seja, um coração que verdadeiramente tem Jesus não vai fazer mal algum para o próximo. Nunca vai querer para si o que é dos outros por justiça e direito divinos. Não importa o quanto se tira dos outros para proveito próprio, para Deus pode ser apenas um mísero centavo ou um milhão de reais. 
Na mesma perspectiva, o próprio São João diz na sua primeira carta (1 João 1, 1-4), “somos testemunhas do que vimos e ouvimos”. Nesta leitura, para que a nossa alegria seja completa São João dá testemunho das maravilhas que os seus próprios olhos contemplaram, os seus ouvidos ouviram e as suas mãos tocaram, da Palavra da Vida. O grande mistério da Encarnação e da Redenção de Jesus nos foi revelado na Sua Palavra e nos garante a vida eterna que o Pai nos preparou desde sempre. Quando fazemos a experiência de nos inserirmos como membro do Corpo de Cristo e temos a consciência de que somos parte ativa do sonho de Deus para a humanidade, nós também conseguimos fazer a diferença na política, na Igreja, na família e em todos os ambientes da sociedade com a verdadeira liberdade de filhos de Deus. Isto é, temos certeza que Jesus faz parte da nossa vida, agindo com Ele vamos fazer o bem e vencer o mal da corrupção, da violência, da miséria e das injustiças sociais...
O evangelho de hoje (Jo 20,2-8) leva-nos até à Páscoa, mostra-nos a meta alcançada: a vida venceu a morte e manifestou-se. O corpo de Cristo já não está no sepulcro, porque a vida triunfou. Mas Jesus encarnado está sempre conosco, porque a vitória sobre a morte foi alcançada para nós. O evangelho mostra, por outro lado, liberdade de João que corre mais, porque é livre e ama mais o Cristo Ressuscitado, apresenta sua obediência a Pedro quem tem a primazia no Colégio Apostólico, a autoridade confiada por Cristo. Contudo, o coração ardente, cheio de zelo, fervoroso de amor por João, é o que o leva a “correr” e “avançar”, convidando-nos a viver igualmente a nossa fé com este desejo ardente de encontrar ao Ressuscitado. E encontrando-o na Eucaristia, na Palavra, na comunidade e nas ações solidárias temos de construir, como continuadores da sua missão, o Reinado de Deus. Eis, portanto, nossa missão de cristãos católicos, com a luz e a força de Cristo Ressuscitado, nunca desanimar e desistir de lutar por uma sociedade sem corrupção, mais justa, igualitária e fraterna. 
Todavia, neste processo de transformação social, a participação dos cristãos católicos na política torna-se indispensável. Não devemos jamais ignorá-la, pois ela é um bem necessário. Sem a política tudo será muito pior! O que, realmente, tem de se fazer é a diferença entre política e dinâmicas partidárias. Ou seja, a Política é maior que os partidos políticos. O termo “política” vem da palavra grega “pólis“, que significa “cidade“. Originalmente, a política é a “gestão da cidade”, da comunidade, da vida social, focada no bem comum. Essa gestão, obviamente, requer a participação de todos os cidadãos. Não basta só reclamar e criticar que a política vai mal, que os políticos não prestam e que só tem corrupção, o mais importante é participar e fazer diferente como seguidores do Cristo Ressuscitado. 
Sobre isto, durante uma audiência no Vaticano, o papa Francisco foi perguntado sobre como deve ser o nosso compromisso de cristãos católicos no tocante à sociedade e, por conseguinte, à vida política. O Santo Padre respondeu com clareza:
“Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós cristãos não podemos brincar de Pilatos, lavar-nos as mãos. Devemos envolver-nos na política, porque a política é uma das formas mais altas da caridade, porque procura o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar em política. Você me dirá: Não é fácil. Mas também não o é tornar-se padre! A política é demasiadamente suja, mas é suja porque os cristãos não se envolveram com o espírito evangélico. É fácil dizer: culpa daquilo… Mas eu, o que faço? Trabalhar para o bem comum é dever do cristão.” (Papa Francisco, Sala Paulo VI – Vaticano, 7 de junho de 2013).
Nestes termos e a convite do Papa Francisco, como cristãos católicos, temos de participar da política e devemos orar, insistentemente, para que o atual Governo Municipal de João Lisboa-MA, possa dar certo. E que alcance as grandes metas e realizações que almejaram durante a campanha eleitoral. Queremos pedir, ao gestor municipal, aos vereadores, secretários e, demais, colaboradores que vocês não governem para o povo joãolisboense, não façam uma administração voltada para nossos munícipes, mas pelo contrário, administrem e governem esta grande cidade com o povo que vos confiou tamanho poder e responsabilidade administrativa. Noutras palavras, vos pedimos, na força da fé e da esperança de dias melhores para nossa gente, que vocês governem e administrem esta cidade para Deus. Porque vos pedimos isto? Porque se vocês fizerem uma administração transparente voltada para Deus e com Deus vocês jamais vão errar, não serão decepcionados e nunca passarão vergonha pública. Mas terão seus nomes escritos no coração de Deus e na mais bela fase histórica de João Lisboa-MA. Já que não podemos mudar o Brasil, tão rico e tão injusto, vamos juntar forças para construirmos uma cidade de João Lisboa-MA, mais humana e justa, mais digna e feliz, administrada com o povo e com mais transparência.
Rogamos a poderosa intercessão da Santíssima Virgem Maria, aqui invocada como Mãe do Perpétuo Socorro, sobre todas as famílias e os governantes da nossa querida cidade de João Lisboa-MA, para que nos governem com justiça e o temor de Deus. Sempre dizemos e respeitamos os que não a admiram, que não somos idólatras, que esta imagem não é Maria Santíssima, mas Ela sim, como Mãe de Deus, é a Imagem e Semelhança Perfeita de Deus, que devemos imitar. Maria nunca fez e jamais vai fazer um milagre na Igreja Católica, mas não podemos deixar de amar Aquela que trouxe o maior milagre de Deus à terra, Aquela quem mais amou o Filho de Deus, Jesus Cristo. Foi Ele, mesmo, quem nos deu, aos pés da Cruz, sua própria Mãe para ser nossa Mãe (Jo 19,25-27), nos fazendo, assim, todos filhos e filhas do Único e Soberano Pai. Sejamos mais fraternos e solidários, nada de ódio, divisão e intolerância religiosa e política que não produz nada de bom, vivamos o amor que Ele nos mandou viver no Seu Filho, vivo e presente em nossos corações!
Que o Deus da Vida e da Esperança, pela intercessão da Mãe do Perpétuo Socorro, abençoe todos vocês!

João Lisboa-MA, 27 de dezembro de 2016

Muito atenciosamente,

Pe. Moisés Pereira Dias
Servo da Mãe do Perpétuo Socorro
João Lisboa-MA