SÃO LUÍS - A pandemia de coronavírus atingiu as empresas industriais e trouxe dificuldades diversas para atravessarem este período de crise. Sete em cada dez empresas industriais citam a queda no faturamento entre os cinco principais impactos da COVID-19, de acordo com a Sondagem Especial: Impacto da COVID-19 na Indústria, elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A inadimplência e o cancelamento de pedidos foram apontados por 45% e 44% dos entrevistados, respectivamente.
O segundo maior impacto da crise no dia-a-dia das empresas foi a queda na produção. Das empresas pesquisadas no Brasil, entre 1º e 14 de abril, 76% relataram que reduziram ou paralisaram a produção.
"A pesquisa sinaliza como a indústria estará pós-pandemia. Nós já imaginávamos que o setor industrial sofreria bastante, pois já estava debilitado e iniciando sua recuperação, quando fomos pegos de surpresa por essa crise. Apesar disso, há um grande esforço para se manter os empregos, o que é muito importante, principalmente diante dessa nova realidade", diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi. "Mas o principal problema das empresas é o acesso ao crédito, os recursos não estão chegando na ponta."
No Maranhão, a pesquisa Consulta Empresarial, feita pela FIEMA, também apontou uma queda no volume de produção. Para 88,1% das empresas consultadas a produção foi afetada negativamente, sendo que para 33,3% a queda foi muito intensa e para 23,8% delas a produção está parada (por tempo determinado ou indeterminado). Somente para 11,9% houve aumento de produção.
Para 95,3% das empresas consultadas, no estado, houve queda de produção, sendo que para 52,4% esse impacto foi intenso, enquanto para outras 42,9% a redução foi fraca. Somente 4,7% das consultadas informaram ter aumento de demanda no Estado.
No total, 91% das indústrias brasileiras relataram impactos negativos até abril. Apenas 6% dos empresários responderam que a empresa não foi impactada e para outros 3% o impacto foi positivo. Entre os mais afetados, 26% dos empresários avaliam que o efeito da pandemia foi muito negativo, apontando três de intensidade em uma escala de 1 a 3.
De acordo com os dados da CNI, 59% dos empresários estão com dificuldades para cumprir com os pagamentos correntes e 55% relataram que o acesso a capital de giro ficou mais difícil. Entre as medidas tomadas em relação à mão de obra, 15% das empresas demitiram.
A indústria do Maranhão não difere da brasileira e está com dificuldades para honrar os pagamentos rotineiros, como tributos, salários, energia elétrica, água/esgoto, aluguel e fornecedores, diante do quadro de restrições impostas com o combate ao coronavírus.
Metade das empresas consultadas no Maranhão informaram ser muito difícil a disponibilidade financeira ou pouco difícil para 14,3% delas. Contudo, para 30,9% das consultadas a situação se mostra indiferente, nem fácil, nem difícil. Apenas 4,8% das empresas estão com facilidade para lidar com esses pagamentos.
Três em cada quatro empresas industriais tiveram queda no consumo final - Ainda de acordo com a Sondagem Industrial, entre as empresas industriais consultadas, 76% reduziram ou mesmo paralisaram a produção. Outras 45%, apesar de continuarem em operação, registraram queda ou queda intensa na produção. Apenas 4% dos empresários relataram aumento ou aumento intenso da produção.
Quando questionados sobre como a demanda pelos produtos e serviços de suas empresas foi afetada pela pandemia do novo coronavírus, 38% afirmaram que houve queda intensa e outros 38% reportaram queda. Ao todo, três em cada quatro empresas industriais apontam queda da demanda. Os setores que mais reportaram queda intensa da demanda foram os de vestuário (82%); calçados (79%); móveis (76%); impressão e reprodução (65%) e têxteis (60%).
Capital de giro e acesso ao crédito está mais difícil para 55% das indústrias - A redução na receita e a manutenção de despesas correntes fizeram com que seis em cada dez empresas industriais relatassem dificuldades para honrar pagamentos de rotina, conforme apontado pela CNI. Para 55% das empresas industriais, a pandemia do coronavírus tornou o acesso a capital de giro mais difícil ou muito mais difícil.
Essa percepção é menor entre as empresas da indústria extrativa, sendo que, nesse grupo, 41% indicaram maior dificuldade. A crise agravou ainda mais a dificuldade que as pequenas empresas já tinham para acesso ao crédito antes da pandemia.
Já no âmbito maranhense, o acesso ao crédito está mais difícil para a indústria. Para 45,2% daquelas que precisaram de crédito, seu acesso se tornou difícil ou muito difícil, valendo ressaltar que 38,1% disseram que não precisaram de capital de giro. Nenhuma das empresas consultadas considera que o acesso ao crédito tenha ficado mais fácil.
77% afirmam ter dificuldades para obter insumos ou matérias primas - A crise desorganizou a estrutura logística e dificultou o acesso a insumos ou matérias primas necessários à produção. Pelo lado da oferta, 76% das empresas têm enfrentado dificuldades na logística de transporte de seus produtos ou insumos devido à pandemia. Ainda, entre as empresas industriais, 77% afirmam ter encontrado dificuldades para obter insumos ou matérias primas necessários para desenvolver sua atividade.
Cenário parecido encontrado nas empresas do nosso estado - 73,2% das indústrias consultadas informaram estar encontrando dificuldade para a obtenção de insumos ou matérias-primas, nesse ambiente de coronavírus, sendo que, para 39,1% delas, isto tem sido mais intenso. Para 26,8%, no entanto, não tem havido dificuldade na obtenção de insumos ou matérias-primas.
As dificuldades logísticas decorrentes da crise aparecem nos 21% que citam a falta de insumos e matérias primas entre os cinco principais impactos, e nos 20% que citam a dificuldade de transportar ou escoar a produção, os insumos e as matérias primas.
As dificuldades relacionadas ao transporte de seus produtos, de insumos e matérias-primas foram destacadas pelas empresas consultadas. 75,6% delas dizem estar enfrentando dificuldades relativa à logística de transporte de seus produtos, insumos ou matérias-primas, sendo que, nesse total, 41,5% consideram muita dificuldade. Apenas para 24,4%, não houve dificuldade.
A falta de insumos ou matérias-primas, embora tenha um peso importante, não é um impacto tão relevante para 19,0% das empresas consultadas. No entanto, 9,50% delas apontam um aumento no volume de vendas online, perfeitamente esperado nas circunstâncias da conjuntura atual. Somente 4,8% das indústrias consultadas não reconhecem os fatores listados como impactantes.
Quase todas as empresas adotaram medidas em relação aos empregados - Quase a totalidade das empresas (95%) adotaram medidas em relação aos seus trabalhadores em resposta à crise. As medidas mais adotadas foram o afastamento de empregados do grupo de risco e a promoção de campanhas de informação e prevenção, com medidas extras de higiene na empresa, ambas adotadas por 65% das empresas industriais.
Também se destacam entre as medidas o trabalho domiciliar (home office), adotado por 61% das empresas, a concessão de férias para parte dos empregados, adotada por 50%, e o afastamento de empregados com sintomas, adotado por 49% das empresas.
As empresas maranhenses também se viram obrigadas a adotar uma série de medidas alternativas em relação aos seus empregados, como a concessão de férias para parte dos empregados (66,7%), o afastamento dos empregados com algum sintoma (64,3%) e o trabalho domiciliar (home office) (57,1%) foram as alternativas mais praticadas, além da redução da jornada de trabalho e o uso do banco de horas. Apenas 9,5% dos respondentes concederam férias coletivas a todos os empregados, o que, certamente, guarda relação direta com o quantitativo de empresas com produção paralisada.
Indústria de transformação perde mais receita do que os demais segmentos - A indústria de transformação é o segmento industrial que mais está sofrendo com a perda de receita. Enquanto 71% das empresas da indústria de transformação citaram entre os cinco principais impactos da crise a queda no faturamento, o percentual é de 67% na indústria da construção e cai para 51% na indústria extrativa. O segmento também tem sentido mais as dificuldades logísticas para escoar sua produção e obter seus insumos produtivos.
"As duas pesquisas (FIEMA e CNI) demonstram o cenário caótico por que passa a indústria e a necessidade urgente de se tomar medidas para evitar ainda mais desempregos. Sabemos dos impactos e esperamos trabalharmos juntos em uma solução dentro de uma segurança da saúde dos trabalhadores e das próprias empresas!", finalizou o presidente da FIEMA, Edilson Baldez das Neves.
Coordenadoria de Comunicação e Eventos da FIEMA
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