Cerca de 100 índios da etnia Gavião bloquearam, na manhã de ontem (31), um trecho da BR-222, entre as cidades paraenses de Morada Nova e Bom Jesus do Tocantins, próximo a Marabá, no sudoeste paraense. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os manifestantes retiveram um caminhão carregado de madeira (eucalipto) e ameaçaram atear fogo em torres de transmissão de energia da Eletronorte.
De acordo com policiais rodoviários, os índios moradores da Reserva Indígena Mãe Maria cobram o cumprimento de um suposto acordo negociado com a Eletronorte. Procurada pela reportagem da Agência Brasil, a gerente de relações institucionais do escritório local da empresa, Cristiana Magno Charone, não comentou as reivindicações do grupo, mas confirmou que a Polícia Militar foi acionada para garantir a integridade das instalações elétricas.
Os índios ficaram concentrados no quilômetro 226 da rodovia. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, nenhum confronto entre manifestantes e motoristas foi registrado até as 13 horas, embora o congestionamento de veículos tenha chegado a atingir um quilômetro, no momento de tráfego mais intenso. 
Segundo o diretor de Cultura e de Comunicação da prefeitura de Bom Jesus do Tocantins, Robson Louzada, esta não é a primeira manifestação dos moradores da Reserva Mãe Maria. "As aldeias iniciais vêm dando origem a novos núcleos. E como há, de fato, um acordo que prevê que, em contrapartida à instalação das torres no interior da reserva, a Eletronorte deve garantir a instalação de postos de saúde e de rede de energia nas aldeias, os índios desses novos núcleos passam a reivindicar os mesmos benefícios".
O coordenador substituto da Regional Baixo Tocantins da Fundação Nacional do Índio (Funai), Eric de Belém Oliveira, confirmou que os grupos de manifestantes reúne representante de seis das 12 aldeias já estabelecidas na Reserva Mãe Maria - há outras duas em processo de organização. Segundo o coordenador, já há algum tempo os índios vêm cobrando a eletrificação das novas aldeias, participando de reuniões acompanhadas pela Funai e pelo Ministério Público. "Mas eles estão achando que o processo está muito moroso e exigem celeridade", disse Oliveira.
A rodovia foi liberada à tarde depois que um representante da Eletronorte garantiu que uma reunião para discutir as reivindicações será realizada na quinta-feira (3) com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Eletronorte e da Centrais Elétricas do Pará.